O CEO da Meta, Mark Zuckerberg, afirmou na noite desta quinta-feira, 1, que a inteligência artificial é a base para o futuro da holding. Em conferência com analistas de mercado para apresentar os resultados financeiros de 2023, o executivo destacou os avanços da companhia em IA, mas também tratou de defender os altos investimentos que a empresa fez em tecnologia e em seu metaverso.
“Um grande objetivo nosso será construir os produtos e serviços de IA mais populares e avançados. Se tivermos sucesso, todos os que usam nossos serviços terão um assistente de IA de classe mundial para ajudar a realizar as tarefas. Cada criador terá uma IA com a qual sua comunidade poderá se envolver, todos os negócios terão uma IA com a qual seus clientes poderão interagir para comprar produtos e obter suporte e cada desenvolvedor terá um modelo de código aberto de última geração para construir”, disse Zuckerberg.
“Todos vão querer uma nova categoria de dispositivos de computação que permitam interagir sem atrito com a IA, que possam ver o que você vê e ouvir o que ouve, como os óculos inteligentes. E uma coisa que ficou mais clara para mim no ano passado é que a próxima geração de serviços exige a construção de inteligência geral (general intelligence, no inglês) completa”, prevê o CEO.
Susan Lee, CFO da Meta, disse que embora não dê valores em longo prazo, a expectativa é que a companhia aposte no desenvolvimento e pesquisa em IA no longo prazo para criar produtos e que isso vai demandar um crescimento da infraestrutura a partir deste ano.
Apenas em 2024, a Meta deve ter um Capex entre US$ 30 bilhões e US$ 37 bilhões, isso inclui investimento em servidores dedicados à inteligência artificial, mas também em servidores para outras áreas da empresa. Também investirá em um data center próprio.
Nova visão
Zuckerberg acredita que o mundo precisará “de nossos modelos para sermos capazes de raciocinar, lembrar o código do plano e muitas outras habilidades cognitivas para fornecer as melhores versões dos serviços que imaginamos”.
“Trabalhamos em pesquisas de inteligência geral e justas há mais de uma década, mas agora a inteligência geral também será o tema do nosso trabalho de produto. A Meta tem uma longa história de integração de novas tecnologias em nossos serviços e temos um manual claro de longo prazo para nos tornarmos líderes e há alguns aspectos importantes disso que gostaria de dedicar algum tempo para analisar hoje”, disse.
Nessa estratégia de inteligência geral, o CEO da Meta explicou que é feito em três etapas:
- Uma estrutura de computação do topo, isso passa pela instalação das 350 mil placas de vídeo NVIDIA H100 até o final de 2024;
- Uma estrutura baseada em software de código aberto;
- Ter uma estratégia de longo prazo;
- Aprender com dados únicos e feedback da comunidade;
- Construir serviços que liderem, a partir da experiência de experimentação e aprendizado rápido obtida nos apps.
Deu como exemplo o fato que, embora estejam trabalhando no grande modelo de linguagem Llama 3, a companhia já prepara as próximas versões para um futuro mais distante, como Llama 5, 6 e 7. Disse ainda que é importante ter um portfólio de pesquisa e investimento plurianual para desenvolver a inteligência geral, mas também é importante das rotas de lançamento desses futuros modelos de LLMs.
Metaverso
Zuckerberg disse ainda que a Meta investiu pesado em IA e no metaverso e vai continuar investindo, uma vez que faz a iniciativa de integração do universo físico e virtual faz parte da estratégia de longo prazo da holding junto com IA. Um dos pontos que defendeu como a fundação do futuro da empresa no metaverso é o avanço em tecnologias de visão computacional, além das realidades virtual, mista e aumentada, algo que vê que pode “mudar as experiências sociais e de quase quaisquer outras categorias” com mais aspectos realistas.
Lembrou ainda que soluções que são o primeiro passo do metaverso da Meta começam a dar resultado, como o fato de que o Reality labs (divisão de negócios dos dispositivos Quest e Ray-Ban) teve seu primeiro US$ 1 bilhão de receita com a temporada de venda no fim de ano, o app da Quest foi o mais baixado da App Store no final de 2023 e o app de experiência virtual em comunidade, Horizon, é o mais baixado pelos usuários do Quest.
Dito isso, o cronograma em curto prazo é lançar uma versão do Horizon para dispositivos móveis em 2024, assim como para VR One. Também fará mais óculos Ray-Ban em parceria com a Luxxotica e que a experiência do dispositivo tem melhorado bastante com o uso de IA multimodal e da assistente Meta AI, algo que o executivo compartilhou em seu canal no Instagram no final de 2023.
“Eu disse isso antes, mas acredito que as pessoas vão querer novas categorias de dispositivos que se envolvam intrinsecamente com IA – com frequência – ao longo do dia. Ou seja, sem ter que pegar o telefone, pressionar um botão e apontar para aquilo que querem ver. Acho que os óculos inteligentes serão um formato atraente para isso e é um bom exemplo de como o nosso metaverso e IA estão conectados”, concluiu.
Imagem principal: Mark Zuckerberg com óculos Ray-Ban Stories (arquivo: Meta)