O diretor de delivery na Consensys para EMEA, Zied Brini, acredita que 2022 será o ano que os bancos centrais mundo afora testarão os serviços financeiros descentralizados em regime de varejo, ou seja, ao cliente final. A informação foi dada nesta terça-feira 1, durante o MWC 22, em Barcelona, e tem como base conversas que o executivo e sua empresa têm com diversos BCs.
“A descentralização financeira por parte dos BCs não é mais uma questão de ‘se’, mas ‘quando’. Eles viram valor, já fizemos testes em dinheiro para banco de atacado e vendas no exterior. Sabemos que funciona”, diz. “A próxima etapa em 2022 é o varejo, como reduzir a lacuna entre o banco e o usuário de varejo para usar criptomoedas, como moedas digitais de BCs ou stablecoins (criptomoedas estáveis)”, completa.
Brini explica que este universo será acelerado pelo mobile, uma vez que um estudo da Discover Global aponta que as transações via dispositivos móveis dobrarão entre 2020 e 2025, de US$ 5 trilhões para US$ 10 trilhões: “O mobile está inserido nesta revolução. Portanto, o futuro do dinheiro é digital, mobile, descentralizado e acelerado por um sistema que é confiável”, conclui.
Futuro do dinheiro
Para Julia Carbajal, head global de parcerias estratégias na Celo, uma das tecnologias mais próximas do mobile é o blockchain, em especial nas moedas estáveis (baseadas em moedas em dinheiro físico como dólar e real). Neste caso, a executiva lembra que é preciso separar as moedas voláteis (bitcoin e ethereum, por exemplo), que dão acessos a esses serviços e produtos financeiros inovadores, das stablecoins, que são usadas para aplicações de negócios como pagamento, transferência entre países, e são mais baratas.
Paul Brody, líder global de blockchain na EY e moderador do painel, afirmou que o futuro do dinheiro está tomando diferentes caminhos. Mas vê os pagamentos como uma parte pequena neste universo. Para ele, a descentralização é mais ampla.
“Acredito que criptoativos, stablecoins e ativos em blockchain vão transformar o sistema financeiro e as organizações. É um novo jeito de formar organizações descentralizadas autônomas (Daos). Temos clientes na EY que são DAOs: eles são transparentes e tem bilhões de dólares em ativos”, afirma. “E nós vemos o mercado de financiamento descentralizado baseados em competição de protocolos, como acontece com as criptomoedas. Portanto, o futuro do dinheiro não é só pagamento, mas também das organizações, do trabalho, dos imóveis e de todos os nossos ativos”, finaliza.