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Depois de abordar como as empresas estão se adaptando ao trabalho remoto e quais os direitos e deveres de companhias e empregados, Mobile Time apresenta nesta terceira e última reportagem sobre home office durante a pandemia do coronavírus, as práticas e benefícios adotados por empresas, além de desafios relacionados ao comportamento do trabalhador.

Neste momento, o importante é manter a gestão da empresa próxima do colaborador para tranquilizá-lo, como explica Mônica Hauck, CEO da Sólides, plataforma de RH especializada em gestão comportamental e recrutamento de profissionais: “É a primeira vez que muitas empresas experimentam o home office. Mas é um cenário totalmente diferente, pois ele está atribuído a um isolamento social, o que traz uma série de outros sentimentos e adaptações”.

Na pesquisa da Robert Half feita na última semana, os 240 trabalhadores entrevistados compartilharam alguns percalços que atrapalham suas tarefas no home office, como presença dos familiares (19%) e distrações (16%). “Apesar de ser temporário – o trabalho remoto no formato atual – , acredito que a interação virtual pode funcionar muito bem com as tecnologias adequadas e um real acompanhamento do time. É importante ter conversas frequentes com os colaboradores, acompanhar metas e mostrar o planejamento para que todos sempre fiquem na mesma página”, completa Hauck.

Simone Pita, professora de carreiras da HSM University, acredita que o momento é de ruptura nos costumes. Em sua visão, as funções de soft skills serão mais demandadas pelas empresas agora. Por outro lado, ela afirma que os colaboradores devem ser assistidos por seus patrões.

“O colaborador precisa se sentir assistido. O empregador precisa entender como está a saúde deles e da família. E a comunicação do funcionário deve acontecer o tempo todo, até para entender as suas necessidades. Para oferecer um acesso bom à Internet, as empresas estão fazendo parcerias com operadoras para dar, ou entregar em comodato, PCs e smartphones”, diz Pita.

A professora explica ainda que as pessoas precisam entender que a nossa rotina deve mudar por um problema que estamos passando, mas que o trabalho é igual ao local físico. E defende mais comunicação e atividades livres: “As pessoas precisam de contato com outras pessoas. Seja em ferramentas digitais, com Skype, Hangouts, WhatsApp ou telefone. Fale com pessoas, exercite-se, ouça músicas, converse, ouça piadas, brinque com seus pets, cuide de sua horta. Mas o mais importante: faça o que gosta”.

Apoio aos trabalhadores

Pelo lado dos empresários, Hauck diz que sua empresa está oferecendo terapia online gratuita aos funcionários, uma rádio corporativa para não perder o sentimento de pertencimento de grupo e happy hours online.

Outra empresa que também oferece terapia mental é Hitachi Vantara, como explica Gustavo Rodriguez, HR Advisor da Hitachi Vantara no Brasil: “Os funcionários acessam o site da Optum – fornecedora de serviços de saúde – e podem agendar as consultas online ou por telefone para quaisquer problemas: relacionamento, estresse, financeiro, jurídico, pessoais etc. Todos têm direito a seis consultas por ano”.

Na startup More Than Real, o time decidiu em comum acordo substituir o vale refeição pelo vale alimentação, uma vez que não há vantagem em usar o vale refeição se as pessoas estão trabalhando em casa. Além disso, Marco Trinca, sócio e head de XR da startup, relata que sua equipe conversa mais para evitar o distanciamento e busca compreender quando a pessoa está em um “dia ruim”, uma vez que todos estão se adaptando.

“O que mais chama a atenção neste momento é ligar esse modo de cuidar o tempo todo. Temos que oferecer o máximo de segurança possível para que as pessoas fiquem bem dentro de casa. Estamos sendo produtivos, pois estamos cuidando de todo mundo na equipe. Precisa priorizar a pessoa, dar atenção. E até avisar que tem caixa para bancar todo mundo, ninguém será demitido”, disse Trinca.

“A comunicação está rolando, mas é um momento diferente. Estamos vendo pessoas com mais facilidade, outras com mais dificuldade. E tem o aspecto emocional, estar um pouco mais triste. Organizamos um dia para fazer reunião de desabafo e dar suporte um ao outro, no pós-trabalho. Isso é importante. Nem que seja pegar uma cerveja, abrir a câmera na conferência e conversar”, completou. “Nós procuramos tomar decisões mais humanas”.

Paulo Naliato, vice-presidente de desenvolvimento organizacional da Cielo, também procurou flexibilizar as regras dos seus colaboradores, como não incorporar regras de vestimentas (dress code, do original em inglês). Mas, tal como Pita, frisa a importância de “pausas estratégicas” durante as atividades de trabalho.

“Os equipamentos da Cielo possuem ferramentas de segurança e configurações que favorecem o uso adequado das ferramentas e informações. Mas, para nós, as pausas para um relaxamento fazem parte da dinâmica de trabalho”, explica Naliato. “Mais importante que o número de horas trabalhadas, é o nível de produtividade e a capacidade de chegar ao final do dia com os objetivos alcançados”.

Para o público em geral, a Joco, spinoff da Outra Coisa, criou a ferramenta de conversação Remoto Joco. Nela, os usuários podem acessar e aprender como atuar no home office. Totalmente gamificado, o Joco traz cinco jornadas com cinco minutos cada sobre introdução ao trabalho remoto, desafios, comunicação, ferramentas e autogestão.

“É mais voltado para o usuário comum. Não penso nele para ser uma solução corporativa. O Remoto Joco é para melhorar a performance de quem trabalha em casa. Até tem dicas para corporação, como gestão e comunicação com equipes. Mas o foco é nas pessoas que estão sofrendo neste momento”, descreve Fernando Tchê, sócio-fundador da Outra Coisa.

Benefícios

Assim como a Sólides e a Hitachi Vantara, as companhias estão buscando mais benefícios para os seus empregados durante a pandemia do coronavírus. Em especial, os serviços de saúde remota são os mais procurados pelos gestores. É o caso do braço de B2B da Doctoralia, a TuoTempo.

De acordo com Cadu Lopes, CEO da Doctoralia, a demanda quintuplicou nos últimos dias com mais adesões e procura de pacientes por serviços de telemedicina, especialmente em São Paulo e no Rio de Janeiro. Como resultado, Lopes espera um crescimento maior puxado pela TuoTempo.

Marcelo Fonseca, diretor de novos negócios do dr.consulta, afirma que a companhia vem avançando na oferta empresarial e de telemedicina. Criou mais de 20 categorias de atendimento remoto em sua plataforma, além de um atendimento dedicado aos pacientes com suspeita de Covid-19.

“Temos recebido muitos pedidos de empresas de vários setores para ajudar com o coronavírus. Estamos adaptando ofertas e disponibilizando vouchers para que a empresa distribua entre seus colaboradores e eles possam agendar horários na orientação médica que temos voltada para pacientes com sintomas de gripe e/ou suspeitas de coronavírus. Estamos atuando desta forma com o Quinto Andar e com a Loggi”, relata Fonseca.

Por fim, a startup de saúde mental Telavita também registrou novos clientes, especialmente dos setores de indústria, varejo, saúde e tecnologia. Segundo Milene Rosenthal, fundadora da Telavita, o tamanho dessas empresas varia: “Podem ser pequenas e startups com poucos funcionários até empresas enormes com 50 mil funcionários”.

 

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