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[Atualizado às 12h do dia 04/04/2022 com informações da G+D em Cingapura e nome correto chave pública) Uma das empresas que recentemente foi aprovada no sandbox de moedas digitais do Banco Central, a alemã G+D conversou com Mobile Time para destrinchar um pouco sobre o seu protocolo Filia, uma solução que trata de aplicações de entrega contra pagamento (DvP) de maneira online e offline para moedas digitais de bancos centrais (CBDCs) e será usada em testes no Brasil.

Severino Sequeira, technical lead CBDC na companhia, afirmou que a ideia da Filia é “facilitar os pagamentos” por meio de plataforma. Ou seja, o protocolo tem como intuito “transportar toda a propriedade do dinheiro físico para o mundo digital” com privacidade e sem custo para o provedor.

“Nós providenciamos a base tecnológica para que todas as propriedades do pagamento físico sejam levadas ao digital. Sempre com a visão da autoridade financeira para a moeda no seu contexto local”, explicou. “A nossa plataforma é aberta para transportar o dinheiro”, completou.

Como funciona

Vídeo em inglês com legenda em português mostra o protocolo em uso

O executivo explicou que a Filia é baseada em tokens digitais. Por meio deles, uma pessoa pode efetuar compras no mundo online e offline (sem qualquer sinal de conectividade), seja com carteira digital, cartão de plástico, wearables e até via eSIM com smartphone para smartphone. E, mais importante, sem a necessidade de ter contas em bancos.

A segurança é uma camada extra na plataforma, que é protegida por padrão PKI (public key infrastructure). Quando há transações, uma chave PKI reconhece o certificado da outra ponta para efetuar a operação financeira. Vale dizer que essa parte é vital para a operação, pois é através de todo esse arcabouço que as transações offline são garantidas e podem evitar situações desagradáveis de compras sem rede, como o gasto duplo (double spending).

Ou seja, Filia não é diferente do chip no cartão de plástico. Ao mesmo tempo, o protocolo traz ao digital as características do dinheiro em espécie.

“O pagamento físico é uma das principais propriedades da Filia. Ele permite pagar em qualquer lugar. Pode ser na praia, comprando um sorvete. E, quando falamos do físico, falamos de toda população do País ter acesso ao dinheiro. São fatores muito importantes de inclusão financeira”, disse o executivo.

Pelo lado das empresas, Sequeira afirmou que a solução pode funcionar em rede, ao plugar todos os players que queiram fazer transações com moedas digitais via APIs. Nela, uma empresa provedora de pagamentos poderá se conectar com outra: “Qualquer instituição financeira consegue integrar a nossa solução e conseguimos lidar com qualquer plataforma. Quando está ligada na Filia, ela está ligada a qualquer instituição que tem API plugada à rede Filia”, completou.

Atualmente, a Filia está em testes em Gana e ganhou um prêmio da Autoridade Pública Monetária de Cingapura. No Brasil, a fase de implementação do protocolo de pagamentos ocorrerá até o final de julho deste ano.

Lift

Na edição 2022 focada no Real Digital, o sandbox Lift Challenge do Banco Central do Brasil escolheu nove de 47 soluções inscritas por empresas do Brasil, Alemanha, Estados Unidos, Israel, México, Portugal, Reino Unido e Suécia. Além da G+D, o programa inclui:

  • Aave – reúne recursos de vários poupadores (formando um pool de liquidez) com foco em oferecer empréstimo e garantir a aderência dessas operações às normas do sistema financeiro, empregando ferramentas de DeFi;
  • Banco Santander Brasil – trata de DvP e da conversão para o formato digital (tokenização) do direito de propriedade de veículos e imóveis;
  • Febraban – trata de DvP de ativos financeiros;
  • Itaú – trata de pagamentos internacionais, empregando método de PvP em uma aplicação com a Colômbia;
  • Mercado Bitcoin –  trata de DvP de ativos digitais, com foco em criptoativos;
  • Tecban – apresenta solução de logística para e-commerce baseada em técnicas de IoT;
  • VERT (associada à Digital Assets e à Oliver Wyman) – trata de financiamento rural baseado em um ativo tokenizado programável com valor atrelado ao do Real (stablecoin do Real);
  • Visa (associada à Consensy e à Microsoft) – trata de financiamento de pequenas e médias empresas com base em uma solução de DeFi.

No comunicado, o BC disse que as tecnologias escolhidas para o Lift Challenge Real Digital têm como objetivo “aprofundar em sua compreensão, amadurecer modelos de negócio baseados nessa tecnologia e, assim, dar continuidade ao processo de criação de uma moeda digital”. Procurado por esta publicação para explicar mais sobre a edição deste sandbox, o regulador não respondeu até o fim da reportagem.

Outros participantes

Os dois principais bancos que participam desta edição do Lift Challenge Real Digital foram procurados por Mobile Time. O Itaú informou por meio de sua assessoria de imprensa que a sua proposta é um projeto com a B3 em parceria tecnológica com a R3.

“Trata-se de um caso de uso de interoperabilidade entre o Brasil e a Colômbia de pagamentos em CBDCs. As empresas trabalharão com CBDCs emitidas pelos órgãos reguladores dos dois países para testar o pagamento entre fronteiras”, explicou o banco.

Por sua vez, o Santander não respondeu.

 

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