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Se o cenário dos jogos eletrônicos em geral na América Latina ainda é uma montanha a ser escalada, o segmento de jogos mobile vai muito bem. Diferentemente do resto do setor, os produtores de jogos móveis têm modelos de negócios bem estruturados e mantêm uma base fiel de jogadores, o que permite até arriscar na criação de jogos e serviços. O assunto foi debatido em painel do BIG, festival brasileiro de jogos independentes, que ocorreu em São Paulo, na última semana de junho.

“A realidade do modelo de mobile é que a maioria dos jogos de sucesso são free-to-play (grátis para jogar, na tradução livre do inglês). A gente sempre pensa no lançamento de um novo jogo, como uma inovação incremental. Ou pega um modelo conhecido, ou um modelo com uma inovação a mais. Por exemplo, o CodyCross – principal jogo da empresa com 50 milhões de downloads no mundo – tem uma característica mais lúdica”, explicou Cesar Mufarrej, cofundador da Fanatee. “Além disso, nós tentamos sempre fazer um projeto arriscado e outro menos arriscado, para crescer de forma sustentável”.

Outro profissional do setor, Diogo Cesar Correia, diretor criativo do Pipa Studios, explica que retém seu jogador por muito tempo no game. Isso acontece pois o Brasil (ao lado de França, Itália, Espanha e Estados Unidos) tem uma cultura muito tradicional no setor que atua, bingos. A empresa tem 200 mil usuários diários ativos (DAUs) em seu jogo de bingo social, o Praia Bingo. Isto permitiu desenvolver mais de 50 diferentes estilos de jogos com bingos.

Por sua vez, Flávio Miyamaru, fundador da Tapps Games, afirmou que a grande questão no mercado de games para sua companhia foi arriscar-se a expandir seu portfólio de jogos. Com isso a empresa desenvolveu mais de 400 jogos e possui mais de 200 milhões de downloads.

“Fizemos uma gestão de portfólio que deu a possibilidade de a gente arriscar. Nós sabemos que muitos produtos vão dar errado. Então a gente coloca no mercado para sentir o interesse. Se tem download ou se as pessoas falam bem”, disse o executivo. “Na questão de processos, o segredo é fazer o jogo e criar métricas de retenção. A questão aqui é limitar o escopo”.

Sobre métricas, Dario de Souza, CEO e fundador da Gazeus Games, acredita que o desenvolvedor precisa saber em qual mercado colocar seu jogo. E afirma que a chave para o sucesso de um jogo mobile é um tripé com: modelo de negócio (monetização) bem estruturado, aquisição e retenção.

OS

Os executivos do setor de mobile games explicam que o cenário de jogos está dividido em receita de uso entre usuários de Android e iOS. Como ressaltou Souza: “Para a gente, a receita hoje é meio a meio. Android cresceu bastante em aquisição e retenção nos últimos anos. Mas iOS é um nicho”. A Gazeus tem atualmente 85% do seu faturamento em mobile, 7,5 milhões de usuários mensais ativos e 1 milhão de DAUs.

César Mufarrej, da Fanatee, disse que a sua receita também é 50% Android e 50% iOS: “Começamos focados em iOS, mas o mundo do Android vem desenvolvendo em uma velocidade grande. Com a popularização do Unity ficou mais simples”.

Marketplaces

Outro tema discutido foi a saída de alguns players dos marketplaces de apps, como a Epic Games, do Fortnite. Mufarrej lembrou que App Store e Google Play tem comissão alta e que é uma discussão que está em foco no mundo, principalmente pelos grandes players. Em sua visão, quanto mais mercado melhor: “Tem que sempre ponderar os custos dos jogos em um marketplace. Mas é positivo do ponto de visto competitivo”.

 

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