A Intel apresentou nesta quinta-feira, 1, um plano de redução de custos com 15 mil demissões em todo mundo até o final de 2024, ou seja, o equivalente a 15% do seu quadro de funcionários. A ideia da empresa é ter uma diminuição de custos da ordem de US$ 10 bilhões até 2025.
O relatório financeiro do segundo trimestre de 2024 mostra que a estratégia é plurianual e está baseada em quatro partes:
- Corte em custos operacionais para chegar a US$ 20 bilhões em 2024;
- Redução de custos de capital líquido em 20% para ter um Capex entre US$ 11 bilhões e US$ 13 bilhões em 2024 e entre US$ 12 e 14 bilhões em 2025;
- Redução dos custos de vendas para atingir uma economia de US$ 1 bilhão em 2025;
- Foco nos investimentos, em especial no supply chain de semicondutores dentro e fora dos Estados Unidos.
Um dos motivos para o resultado é o fim da jornada dos cinco nódulos (nodes, no original em inglês) em quatro anos. Esse plano mirava o avanço da Intel na corrida de semicondutores com lançamento de chipsets mais robustos e com mais capacidade computacional para alcançar a rival TSMC.
O Mobile Time procurou a Intel para entender o possível impacto na operação latino-americana, mas a companhia não respondeu até o final desta reportagem.
‘Custos altos e margens curtas’
Em carta enviada aos funcionários, o CEO da Intel, Pat Gelsinger, afirmou que o plano mira uma redução de US$ 10 bilhões em 2025 e que a partir da próxima semana a companhia deve realizar um programa de aposentadoria e demissão voluntária.
O executivo disse que precisam alinhar os custos com o novo modelo operacional e mudam fundamentalmente a forma como funcionam, uma vez que a receita não cresceu o esperado e a empresa ainda não recebeu os ganhos de “tendências poderosas”, como a inteligência artificial.
“Nossos custos estão muito altos e nossas margens muito baixas. Precisamos de ações robustas para resolver ambos – em especial com o resultado financeiro e as perspectivas a partir do segundo semestre de 2024 que devem ser mais duras que o esperado”, escreveu o CEO.
Resultados e impactos financeiros
De acordo com o resultado financeiro do segundo trimestre de 2024, a Intel registrou uma queda de 1% na receita com US$ 12,8 bilhões, ante US$ 12,9 bilhões de um ano antes. E a companhia ainda teve um prejuízo líquido de US$ 1,6 bilhão contra um lucro de US$ 1 bilhão do mesmo período em 2023.
Esse resultado foi impactado por reveses na margem bruta devido à aceleração dos produtos voltados aos PCs com IA com custos mais altos que o esperado e em negócios que não estão ligados ao núcleo duro da empresa, além da capacidade não utilizada.
Vale dizer que o core da estratégia da Intel é o IDM 2.0, uma estratégia que foi apresentada em fevereiro deste ano e tem como foco a expansão de sua capacidade produtiva para se tornar a maior fabricante de semicondutores com plantas na Europa e nos EUA.
Tradicionalmente, o mercado vê com bons olhos quando empresas fazem reestruturações neste sentido. Mas a Intel anunciou que não dará dividendos para os acionistas no quarto trimestre deste ano. Com isso, a Intel teve queda de 19% no valor de sua ação no aftermarket na Nasdaq para US$ 23,56 às 21h contra US$ 29 no fim do pregão às 16h desta quinta-feira.
Além disso, o índice Nasdaq Future – o índice de futuro da Nasdaq baseado em 100 papeis de grandes companhias de tecnologia e mídia – também caiu (3%) no aftermarket com a remodelação da Intel.
Imagem principal: Arte de Nik Neves para Mobile Time