A redução da base de linhas móveis em serviço no Brasil é avaliada positivamente pelo presidente da Anatel, João Rezende, pelo menos quando analisada sob o ponto de vista das operadoras e dos consumidores. Em conversa com jornalistas em um evento no Rio de Janeiro na última sexta-feira, 27, Rezende comentou que o movimento é benéfico para as teles, que passam a ter uma ideia melhor do tamanho real da sua base de clientes, após o desligamento de chips que funcionavam como segunda ou terceira linhas de usuários pré-pagos. E para o consumidor também é positivo, pois é mais fácil gerenciar uma única linha do que duas ou mais. Quem sai perdendo, indiscutivelmente, é o governo federal, que deixa de arrecadar o Fistel, taxa anual paga por cada linha móvel em serviço.
Em setembro, o Brasil bateu recorde de desconexões de linhas móveis, com uma redução líquida de 4,13 milhões delas, fechando o mês com 275,89 milhões em serviço. A redução se deu em planos pré-pagos, enquanto a base pós-paga registrou um crescimento líquido de 330 mil linhas. A explicação é que o corte na tarifa de interconexão está tornando mais baratas as ligações para números de outras operadoras, o que diminui a atratividade de possuir chips de empresas diferentes para aproveitar os preços das chamadas on-net. Por sinal, em novembro Oi e TIM reformaram seus planos e pararam de cobrar preços diferenciados em ligações para dentro e para fora de suas redes, o que vai acelerar ainda mais o abandono dos chips extras por parte de clientes pré-pagos.
Análise
Estima-se que cerca de 75% da população brasileira tenha celular. Isso significaria 140 milhões de usuários únicos, aproximadamente. A não ser em uma situação extrema, é difícil imaginar que alguém, ainda que desempregado, pare de usar o serviço de telefonia móvel, que é visto praticamente como item de primeira necessidade hoje em dia. Ao mesmo tempo, sempre haverá uma parcela da base que fará questão de ter mais de um chip, talvez não para surfar nas promoções de antigamente, mas para manter comunicações com propósitos diferentes (um chip para uso pessoal e outro para trabalho, por exemplo).
Oi e TIM foram as primeiras a unificar as tarifas. Claro e Vivo ainda resistem. Para alguns analistas, é apenas uma questão de tempo antes que sigam o mesmo rumo. A tarifa de interconexão móvel que hoje custa R$ 0,16 por minuto vai baixar para R$ 0,10 em fevereiro e para R$ 0,03 até 2018.
Dito tudo isso, é possível entender que ainda há muita gordura para queimar na base atual de 275,89 milhões. É razoável, portanto, prever mais alguns meses de enxugamento gradativo da quantidade de linhas em serviço no Brasil.