A regulamentação dos pagamentos instantâneos, em discussão no Banco Central, vai reduzir drasticamente o custo por transação financeira. “Minha expectativa é de que saia da casa dos reais para a casa dos centavos”, diz Pietro Bonfiglioli, da Fisher Venture Builder. Um levantamento feito pela sua empresa com diversos tipos de transações, desde remessas até TEDs e DOCs, revela que o custo hoje varia de R$ 2,30 até R$ 143,25.
“Lá fora, na Europa, com a centralização da liquidação, o custo é de fração de centavos. E o Banco Central vai na mesma linha: quer que se pague apenas pelo custo da plataforma centralizada de liquidação”, compara. Ele cita também o exemplo chinês, onde os lojistas ficam com 99,3% do valor das vendas feitas via AliPay e WeChat Pay. “O custo do cartão físico é caro: precisa emitir o cartão, mandar para a casa de alguém etc. Quando você traz para o digital, corta-se muita coisa”, comenta.
Conforme noticiado por Mobile Time, o Banco Central pretende exigir que os bancos recebam pagamentos instantâneos, o que, contudo, ainda será debatido no âmbito do Fórum de Pagamentos Instantâneos, recentemente instituído pela autarquia.
Além da redução no custo de transferências interbancárias, a medida deve causar impacto nas vendas em cartão de débito, projeta Bonfiglioli. Ele acredita que as redes de adquirência, as bandeiras de cartão e os bancos vão se adaptar à nova modalidade, caso contrário perderão receita para novos entrantes.
O advento dos pagamentos instantâneos, entretanto, não vai significar necessariamente um enxugamento na quantidade de intermediários envolvidos em uma transação. “Olhando o desenho feito pelo BC, dá para ter até quatro intermediários em cada ponta. Pode ter um iniciador de pagamento, um PSP indireto, um PSP direto, um switch, a plataforma do BC e depois tudo de novo”, destaca. Mas a questão é que serão novos tipos de intermediários, com novos papéis. Certas soluções de hoje em dia se tornarão desnecessárias, mas novas oportunidades surgirão – vide a figura do switch, para “traduzir” transações na conexão com a plataforma do BC.
Quanto ao impacto dos pagamentos instantâneos no dia a dia das pessoas, Bonfiglioli acredita que não será imediato. “Não acho que vai ser tão rápido o impacto de pagamentos instantâneos. Mudar hábitos de consumo não é fácil. Demora muito. Veja o caso do NFC”, avalia.