A Claro está reestruturando a empresa com uma nova área de negócios dedicada à Internet das Coisas liderada pela Embratel, apostando em especial em verticais como agronegócio, gestão de frotas, saúde e smart cities. Para tanto, oferece um centro de operações de segurança (SOC) dedicado, plataforma de gestão, tecnologia eSIM e a implantação das novas redes com as tecnologias NB-IoT e o LTE Cat-M. A coordenadora de IoT da Claro Brasil, Raquel Aguiar, explicou que o projeto da empresa começou há dois anos, com a modernização dos sites para a implantação de equipamentos multitecnologia, prontos para 5G, mas também proporcionando o refarming de frequências para 4G. “Em 1,8 GHz é questão de a gente ter 5 MHz para LTE”, declarou a este noticiário, após painel no Fórum de Operadoras Alternativas, organizado por Mobile Time e Teletime, nesta terça-feira, 2, em São Paulo.
“As outras frequências que pensamos são de baixo para cima: se estiver disponível naquele site, ativamos a de 700 MHz com NB-IoT e Cat-M. Se o que está disponível é o de 850 MHz, e não compromete o meu site, a gente usa”, afirma. A faixa de 450 MHz é considerada pela empresa, mas ainda há dificuldades com o ecossistema de CPEs. “Há promessa de novos chipsets, mas o mercado ainda está imaturo e com dispositivos caros.”
A companhia conta atualmente com 15.266 sites 2G; mais 18.448 sites 3G; e 16.315 sites com 4G. Ao todo, são 19.373 estações radiobase nas três tecnologias, além de 514 femtocells. Atualmente, pelo menos 60% da planta de sites está modernizada. A estimativa da operadora é de chegar a 80% dos sites modernizados ao final deste ano, e 100% até 2020. Além disso, destaca a implantação da rede fotônica para ampliar a capacidade da rede e o backbone de 205.754 km de fibra. “A atualização nos sites para suportar as novas tecnologias tem um cronograma bem agressivo em São Paulo, Rio de Janeiro e interior de Minas Gerais”, declara Aguiar. O SOC da companhia e o centro de operações já estão montados. A coordenadora de IoT explica que ainda precisa de estratégia para definição do lançamento comercial, mas que a empresa conta com unidades de negócios com roll-out “muito avançado, com ativação de centenas de sites por semana com nossos três fornecedores”.
No caso do NB-IoT, a Claro oferece 20db a mais de cobertura. A operadora está aplicando a tecnologia in-band, com 180 kHz. A proposta de valores da unidade de negócios é “muito agressiva”, mas a representante da empresa diz que há um “cuidado grande” com os clientes que ainda utilizam soluções máquina-a-máquina em 2G, monitorando os acessos por cada estação radiobase. O desligamento da rede GSM, contudo, ainda não é comentado, apesar de já haver algum incentivo para a migração para novas tecnologias. “Temos hoje 6,2 milhões de dispositivos M2M, então temos mostrado [aos usuários] as vantagens da nova tecnologia, acompanhando testes em laboratórios.”
Outra arma da Claro para o mercado de IoT é o uso de eSIM. A operadora fornece toda a plataforma de gestão de acessos, e agora dá a oportunidade de migração do serviço para produtos adquiridos em outros países, com outras empresas. “Temos cliente chegando de fora com produto pronto, já com o eSIM da Vodafone embarcado, por exemplo. Eu posso recadastrar com o plano Claro Américas”, afirma. Ela explica que é diferente da portabilidade comum, podendo ser feito via atualização over-the-air de forma transparente. Um dos objetivos é poder fazer a migração de outras teles nacionais, no caso de uma rede não ter a cobertura adequada, por exemplo. “Isso é um trabalho que está começando, através de subscription management. Você tem toda a parte de gestão de SIMcard, e a tecnologia permite que a Claro possa administrar o serviço, embora tenha SIMcard de outra operadora.”
Com isso, a operadora do grupo América Móvil prevê que o mercado de IoT pode chegar à marca de bilhões de acessos já ao final de 2020 no mundo. Raquel Aguiar diz que a empresa recebe muitos fornecedores e clientes, e que o foco está especialmente na substituição do M2M tradicional pela Internet das Coisas. “O que a gente precisa é romper, sair do M2M e evoluir para o que é IoT de verdade”, diz. “Precisa de plataforma, gestão de conectividade e serviços e APIs. Essa é a ideia da Claro: estamos criando todo um ecossistema de IoT e não se preocupando só com a conectividade.” Ela cita ainda que é preciso ter parcerias, especialmente para atender a demandas específicas que não podem ser resolvidas apenas com o fornecimento do acesso.