O aumento da demanda por conectividade durante a pandemia do novo coronavírus ampliou também a necessidade de serviços de manutenção em estações radiobase (ERBs) no País. Ainda assim, mesmo que incluído entre as atividades essenciais durante a crise, o setor de infraestrutura de telecom tem enfrentado dificuldades na realização do serviço em algumas localidades.
“Por conta da pandemia, temos recebido mais pedidos de manutenção nos sites”, afirmou o presidente da Associação Brasileira de Infraestrutura para as Telecomunicações (Abrintel), Luciano Stutz. “Nossas oito associadas têm um corpo de mais de 2 mil colaboradores e equipes nas ruas no Brasil inteiro, mas temos enfrentado dificuldades de hospedagem e alimentação e o impactos das restrições de locomoção”.
Segundo o dirigente, os profissionais já estão portando kits com documentos comprovando a definição dos serviços de telecom como atividade essencial durante a crise, além de discriminação dos membros das equipes e de quais serviços serão prestados. Ainda assim, há ocorrência de times com circulação barrada em determinadas cidades por conta do desconhecimento pelas forças de segurança locais.
Problema similar foi reportado nesta semana pela Associação Brasileira de Empresas de Soluções de Telecomunicações e Informática (Abeprest), que reúne empresas de serviços de engenharia para o setor. “Apesar da publicação de decreto federal, as nossas empresas ainda continuam sofrendo muita discriminação de diversos setores, nos impedindo muitas vezes de continuar trabalhando”, afirmou a entidade, no último dia 31.
Condomínios
Stutz, da Abrintel, também chamou atenção para dificuldades na prestação de serviços dentro de condomínios residenciais. “Há muitos síndicos com medo”, afirmou o dirigente, pontuando que os colaboradores das empresas gestoras de infraestrutura estão atuando em conformidade com as regras sanitárias recomendadas para evitar contágio do coronavírus.
Cidades
Neste último dia 1º, a Abrintel assinou carta conjunta com outras entidades cobrando de cidades medidas urgentes que permitam a instalação de mais antenas durante a pandemia. O apelo para revisão das legislações municipais tem São Paulo como um dos principais focos: na metrópole, mais de 4 mil pedidos de licenciamento de ERBs aguardam aprovação. Um projeto de lei para atualização das regras da atividade tramita na Câmara há anos, mas ainda sem perspectiva concreta de aprovação.
Para Stutz, seria importante que o Executivo da cidade tomasse frente no processo. “O tráfego já está aumentando. Se precisarmos crescer a rede à pedido das operadoras, pode não haver possibilidade da instalação de novas antenas”, afirmou o presidente da Abrintel.
Nesta terça-feira, 31, a cidade de Campinas adotou um licenciamento emergencial válido por um ano para ERBs após decreto do Executivo; o objetivo é endereçar a demanda adicional por serviços causada pelo período de quarentena. Recentemente, cidades como Belo Horizonte, Brasília, Londrina (PR), Santo André (SP) e São Caetano do Sul (SP) também têm empreendido esforços para atualização das regras de licenciamento, mas não necessariamente por conta dos efeitos da pandemia.