| Originalmente publicado no Teletime e atualizado no dia 2 de julho, às 21h54| A Claro anunciou nesta quinta-feira, 2, a implantação da primeira rede comercial com a tecnologia 5G no Brasil. Para tanto, a operadora utiliza frequências que já detinha nas gerações anteriores de redes de celular, aplicando o compartilhamento dinâmico de espectro (DSS, na sigla em inglês) para gerenciar a rede entre diferentes tecnologias. A operadora aproveitará as frequências já aplicadas no LTE-Advanced Pro, que agrega portadoras nas faixas de 700 MHz, 1.800 MHz e 2,5 GHz (além de utilizar tecnologia de múltiplas entradas e saídas MIMO 4×4). A fornecedora da solução é a Ericsson.
Com a adição do espectro herdado da Nextel, a Claro diz ter “condições únicas para fazer o compartilhamento da rede com o 5G DSS, garantindo mais qualidade de experiência e ainda contando com o 4,5G para complementar a cobertura onde o 5G DSS ainda não está disponível”.
A tecnologia do compartilhamento dinâmico de espectro já havia sido demonstrada pela Claro e os mesmos parceiros – Ericsson, Motorola e Qualcomm – em fevereiro deste ano, na sede da operadora em São Paulo. As condições para o lançamento foram proporcionadas por recentes avanços na Anatel, que já havia dito que as teles não precisariam esperar o leilão para lançar a tecnologia.
Primeiro celular
O anúncio da rede 5G é feito simultaneamente com o pré-lançamento do primeiro smartphone compatível com a tecnologia, o Motorola Edge. O aparelho é equipado com chipset Qualcomm Snapdragon 765, que é compatível com o recurso DSS, além de suporte a frequências sub-6 GHz e de ondas milimétricas no 5G e de compatibilidade com o WiFi6.
Nos Estados Unidos, o celular é vendido com exclusividade na operadora Verizon por US$ 1 mil. Pelo menos no modelo norte-americano, o Motorola Edge é compatível com as bandas sub-6 GHz n2 (1.900 MHz / PCS), n5 (850 MHz) e n66 (1.700/2.100 MHz, ou a AWS-3).
Infraestrutura
A Claro diz que os investimentos feitos para implantar o 5G DSS com as frequências atuais serão “automaticamente aceleradores da implantação definitiva do 5G, com a posterior adição do espectro de 3,5 GHz e das faixas de onda milimétricas”. Ou seja, com as frequências previstas no leilão de 5G, que deve ocorrer só em 2021. A operadora lembra que o espectro licitado terá bandas mais altas (3,5 GHz e 26 GHz) e, por isso, precisará de maior quantidade de antenas.
A cobertura será focada em certas regiões neste plano inicial, mas a tele informa que a cobertura do 5G DSS “crescerá gradativamente nos próximos anos dentro do projeto de modernização e expansão de capacidade de rede móvel da operadora”. De acordo com a Claro, a implantação da rede 5G DSS será detalhada na próxima semana, incluindo essa cobertura inicial e o início das vendas do aparelho. A capital São Paulo está nesta primeira etapa.
Para possibilitar o uso do 5G e compartilhamento dinâmico, a operadora está promovendo a virtualização das funções de rede (NFV), com a descentralização do core para data centers mais próximos dos clientes – ou seja, edge computing. “Esta é outra atividade atualmente em andamento no plano de modernização da rede da Claro”, diz o comunicado, que ressalta que a “solução definitiva e esperada do 5G” ainda vai demandar tempo, investimento e trabalho.
Migração gradativa
Em comunicado, o presidente da Claro, José Félix, diz que a infraestrutura da operadora em 4,5G e os investimentos em outros elementos da rede permitem à empresa oferecer “uma migração gradativa e transparente para o 5G, antes mesmo das novas frequências dedicadas a essa nova tecnologia terem sido outorgadas no País”. O executivo afirma que o lançamento reforça o compromisso com o Brasil , “apesar dos tempos difíceis que vivemos no momento”.
Junto com as parceiras Ericsson, Motorola e Qualcomm, a operadora pretende trabalhar “em conjunto com a sociedade para usar o 5G como ferramenta de combate ao coronavírus e seus efeitos nocivos para a economia do País”. Isso significa iniciativas ligadas à telemedicina e educação a distância, especialmente para a população mais vulnerável.
A Claro acredita que o 5G será veículo de uma “grande transformação” com as características de maior throughput e baixa latência, bem como a maior presença da conectividade. Assim, justifica que o uso do DSS vai ajudar a acelerar a implantação da tecnologia. “O 5G DSS revela-se uma forma de trazer evolução gradativa e que vem sendo utilizada como alternativa pelas maiores operadoras do mundo, inclusive em economias desenvolvidas, como Estados Unidos e Europa, e onde o espectro de 3,5GHz e de ondas milimétricas já foi alocado”, disse o CEO da unidade de consumo e PME da Claro, Paulo Cesar Teixeira.