Quem dirige carro sabe a dor de cabeça de procurar uma vaga em ruas ou estacionamentos públicos. Esse é um dos principais problemas a serem resolvidos por projetos de cidades inteligentes mundo afora. Uma solução está em desenvolvimento no Instituto Federal de São Paulo (IFSP) usando inteligência artificial, visão computacional e edge computing para identificar vagas livres a partir de imagens filmadas em tempo real por câmeras, o que dispensa o uso de sensores.
“A ideia é criar um algoritmo que possa ser customizado. A aplicação poderá ser adaptada a qualquer local onde haja câmeras. Pode ser em uma avenida, por exemplo. Minha ideia é justamente não trabalhar com sensores”, explica o coordenador do projeto, Marcio Andrey Teixeira, professor e pesquisador da área de redes de computadores, segurança cibernética e machine learning do IFSP e membro sênior do IEEE.
O projeto piloto está em andamento com duas câmeras que cobrem, ao todo, 18 vagas no estacionamento do campus do IFSP em Catanduva. A solução é capaz de reconhecer as linhas de vagas demarcadas no chão. Se não houver, é possível mapear manualmente as vagas sobre a imagem captada pela câmera. Foi escrito um algoritmo que comanda a análise das câmeras com visão computacional, identificando se cada vaga está livre ou ocupada por um carro. Hoje a análise é feita em um servidor externo, mas a ideia é adotar edge computing para essa tarefa. Os dados são transmitidos via API para um app móvel, que apresenta em tempo real para o motorista um mapa do estacionamento e a informação sobre a ocupação das vagas, usando a cor verde para indicar os espaços livres e vermelho para as vagas ocupadas. O grau de acerto, no momento, é de 85%. “Temos que treinar muito o algoritmo e fazer muitos testes. Existem questões de luminosidade de câmera que precisam ser levados em conta. O mais difícil é à noite, pois dependemos da qualidade da câmera”, explica Teixeira.
Por enquanto o aplicativo para mostrar as vagas livres no estacionamento do campus de Catanduva ainda é um protótipo, mas até o final do ano será disponibilizado para os servidores do IFSP.
Nesta pesquisa, Teixeira, conta com o apoio de estudantes de graduação de tecnologia em análise e desenvolvimento de sistemas. No momento os alunos Rafael da Silva e Brunna Pazin trabalham no projeto. O primeiro é responsável pelo back-end e a segunda, pelo front-end. Outros três estudantes já contribuíram com essa pesquisa: Nicoli Dalarmelina, responsável por adicionar uma funcionalidade de reconhecimento de placas; e Camila Monteiro e Marcelo Castro, que colaboraram na construção de uma primeira versão da solução.