O ecossistema brasileiro de startups gerou US$ 5,6 bilhões em investimento no acumulado de 2021 até julho através de 412 aportes. Segundo Gustavo Gierun, sócio-fundador do Distrito, este ano superou 2020 em apenas sete meses, quando o volume total de investimento foi de US$ 3,5 bilhões.
“O mercado de venture capital (VCs) continua crescendo de maneira intensa no País. Mais que as grandes rodadas, o segmento de inovação, empreendedorismo e tecnologia continua acelerado em números de rodadas por mês no Brasil”, afirmou Gierun, em conversa com a imprensa nesta segunda-feira, 2.
Por setor, o segmento financeiro é aquele com mais investimento até o momento em 2021, US$ 2,5 bilhões em 93 operações. O mercado imobiliário aparece na sequência com 14 movimentações e US$ 851,5 milhões. Varejo (aqui também entra conversational commerce) surge como terceiro, com 46 aportes e US$ 608 milhões. Logística e supply chain possui 17 injeções e US$ 263 milhões. E edtech aparece com US$ 238 milhões e 32 investimentos.
“Isso mostra que não é um evento concentrado em grandes empresas ou empresas em estágios mais desenvolvidos. É um movimento geral e de crescimento consistente do mercado brasileiro”, completou.
Julho
Se considerar apenas o último mês de julho, o mercado de VCs registrou US$ 484 milhões em investimentos para empresas brasileiras, com 44 rodadas, um incremento de 35% ante US$ 356 milhões no mesmo período em 2020.
Neste cenário, o segmento de retailtech foi o que teve mais injeção de capital (US$ 191,5 milhões), seguido por fintech (US$ 175 milhões), healthtech (US$ 34 milhões), edtech (US$ 14 milhões) e martech (US$ 2,6 milhões).
Por empresa, os cinco principais investimentos foram na Daki (US$ 170 milhões), Blu (US$ 58,5 milhões); Will.Bank (US$ 49,5 milhões), Cobli (US$ 34 milhões) e EmCasa (US$ 21,5 milhões).
M&A
Das fusões e aquisições, o Distrito contabilizou 134 operações no acumulado de 2021, quase o dobro (97%) dos 68 movimentos de 2020. Os setores de finanças (25), varejo (22) e marketing (17) lideram em M&As na soma dos últimos sete meses.
Apenas em julho deste ano, foram realizadas 14 fusões e aquisições, sendo que fintechs (quatro) e retailtechs (quatro) lideraram essas operações. As principais movimentações foram: Minuto Seguros e Volanty com a Creditas; Credpago com a Loft; Repassa com a Lojas Renner; e PicPay com Guiabolso.
Próximos capítulos
Gierun acredita que o movimento de investimentos de fundos de capitais bilionários, como Tiger Management e SoftBank, deve durar por pelo menos dez anos. O sócio-fundador da Distrito entende que esse movimento ocorre por três motivos: rápido amadurecimento do ecossistema de startups; necessidade da população por soluções de tecnologia e inovação para a economia; e o avanço dos dispositivos móveis.
“O Brasil faz parte do footprint global de tecnologia. Acho natural que investidores com modelos consolidados tentem replicar seus modelos no mercado brasileiro”, explicou. “O movimento de transformação digital das empresas está só começando. Enquanto as startups tiverem acesso a capital, fundadores com capacidade técnica e necessidades do mercado, esse movimento durará muitos anos”, concluiu.
Dos setores em que mais vê a possibilidade de avanços em investimentos, Gierun citou finanças, varejo, imobiliário, educação, saúde e cibersegurança.