A Cielo não deve aderir ao Buy Now Pay Later (BNPL, compre agora e pague depois ou crediário eletrônico) tão cedo. De acordo com seu CEO, Gustavo Sousa, o foco da companhia será em fortalecer seus produtos de adquirência:“Temos a iniciativa de crescer nossos produtos de antecipação e estamos reformulando nossos produtos de crédito, não de forma ligada ao BNPL, mas aos produtos de adquirência”, afirmou.
“Estamos vendo o crescimento do Buy Now Pay Later mundialmente. Mas, no Brasil, temos alternativas bastante maduras. Participamos do parcelado sem juros, antecipação. Também tem o crediário que é usado pela própria adquirência”, disse durante coletiva com a imprensa.
Pix
No encontro com jornalistas, o executivo da Cielo afirma ainda que não vê impacto do Pix em suas operações. Mesmo com uma queda de 0,7% no volume de transações financeiras com cartão de débito no quatro trimestre de 2021, Sousa atribui essa redução ao recuo de grandes transações em débito que cresceram durante o primeiro ano da pandemia do novo coronavírus (Sars-Cov 2).
“No começo da pandemia vimos um aumento do débito por compras grandes, como pagamento de supermercado. Agora é o retorno do mix entre cartão de débito e crédito. Não é o avanço do Pix”, explicou.
“Estamos vendo um crescimento do Pix, mas principalmente nas modalidades de transferência, em TED e DOC. No mercado de cartões, ainda não. O mercado de cartões tem a vantagem da conveniência. O hábito que o consumidor brasileiro tem de utilização de cartão e a facilidade que tem em usar em estabelecimentos comerciais conferem uma vantagem ante o Pix”, completou em resposta a Mobile Time.
Resultados financeiros e operacionais
A Cielo terminou o ano de 2021 com um lucro líquido de R$ 970,5 milhões, o dobro (98%) ante R$ 490 milhões do ano anterior. Em receita líquida operacional, a companhia registrou um aumento de 4,5%, de R$ 11 bilhões foi para 11,6 bilhões. Outro destaque positivo foi o Ebitda, que cresceu 30% no período, de R$ 2 bilhões para R$ 2,6 bilhões, um resultado obtido devido a melhorias em eficiência operacional. Os custos operacionais caíram 3,6%, de R$ 4,3 bilhões para R$ 4,1 bilhões. O volume transacionado pela empresa foi de R$ 713 bilhões, alta de 11% ante R$ 643 bilhões em 2020.
A Cielo apresentou uma leve queda de 3% na base de clientes, de 850 mil para 822 mil, puxada pelo segmento de empreendedores. O CEO explicou que o recuo é natural e ocorre pela companhia não oferecer subsídios para manter o empreendedor (PMEs), ao contrário do que acontece entre seus rivais – um episódio que ganhou força a partir de 2018 e foi batizado de “a guerra das maquininhas”. Em seu lugar, Sousa foca a estratégia da Cielo no crescimento da adquirência por meio do segmento de varejo, em especial com o produto ‘receba rápido’ (antecipação).
“A base da pirâmide tem pessoas com faturamento interno de R$ 120 mil. Dois anos atrás avisamos que teríamos bem menos ênfase em subsídio de terminal. É por isso que vemos essa queda. Quando vamos para o meio da pirâmide, o varejo, estamos com estabilidade. Mas queremos crescer. Ainda assim estamos com rentabilidade e aumento do volume”, relatou. “Quando subimos para a ponta da pirâmide em faturamento, fizemos o trabalho de longo prazo de chegar a novas condições para os clientes, inclusive com perda de volumes. Porém, mais de 70% ficaram na Cielo. Agora, o nosso desafio em 2022 é trazer mais clientes do varejo”, finalizou o executivo.