A menos de um ano da data prevista para o leilão do 5G, a adequação da infraestrutura das teles brasileiras frente à futura demanda por baixíssima latência está movimentando o setor. Segundo o diretor de telecomunicações da Intel do Brasil, Jayro Navarro Jr., três das quatro maiores operadoras do País já estão realizando testes de fornecedores que terminarão em um “alto investimento” em edge computing – ou a tendência de fragmentar o poder computacional e trazê-lo para mais perto da “ponta” (ou borda) onde a informação é consumida – durante os próximos três anos.
“De modo geral, as operadoras brasileiras estão falando em construir CORDs (sigla para central office re-architected as a data center) para ampliar a infraestrutura local”, afirmou Navarro. Também conhecida como NGCO, a estrutura consiste em uma espécie de mini data center remoto construído a partir da adaptação de uma estação telefônica ou de parte de outro ativo imobiliário, mas dotado de grande capacidade computacional. “As teles estão pensando em quatro ou cinco destes em nível nacional, de oito a dez regionais e outros 40 ou 50 locais. Cada operadora está trabalhando com números muito parecidos com esses para dar ao cliente a velocidade e a latência que ele precisa, independente da região onde ele está”.
A tendência é que as estruturas nacionais fiquem nas maiores cidades, com os nós regionais localizados em facilities das teles em cidades como Manaus, Belém, Recife, Salvador, Campinas ou Porto Alegre, afirma Navarro. Já as dezenas de instalações locais de pequeno porte devem ficar espalhadas pelo País, a depender da estratégia. “Cada operadora tem o seu planejamento. Serão considerados tecnologia, a dispersão geográfica e o que elas já têm [de ativos] na região”. Em último caso, a locação de espaços ou mesmo a instalação de contêineres acoplados à ERBs são opções complementares.
Segundo Navarro, uma das três maiores operadoras já definiu valores e fornecedora (a Nokia) para habilitar sua estratégia de computação na borda a partir dos CORDs, com anúncio previsto para as próximas semanas. Outra estaria “fechando um mesmo esquema”, mas ainda sem definir qual o fornecedor. De uma forma ou de outra, parte do portfólio para data centers lançado pela Intel nesta terça-feira, 2, deve integrar a solução final, uma vez que Ericsson, Huawei, Nokia, ZTE e Cisco estão adotando os novos componentes da fabricante em suas linhas de servidores.
Xeon
O diagnóstico feito pelo diretor da Intel ocorreu durante encontro com jornalistas simultâneo ao evento de apresentação do novo portfólio para data centers da empresa, realizado em San Francisco. Na ocasião, executivos da operação brasileira explicaram especificidades das novas linhas de produtos, com destaque para a segunda geração dos processadores escaláveis Xeon, até então conhecida pelo codinome Cascade Lake.
Também foram apresentados outros componentes para data centers que devem contribuir com jornada para as bordas da rede: entre eles, a série de systems on a chip (SoC) Xeon D-1600, voltada para ambientes com espaço e energia limitados e indicada para o edge; a família Agilex de FGPAs; e a Optane Data Center Persistent Memory.
Entre as empresas citadas no lançamento como usuárias dos novos componentes estão AT&T, Comcast, Google, a rede para entrega de conteúdo (CDN) da Qwilt e a empresa de comércio eletrônico Rakuten, que está investindo em uma rede móvel virtualizada própria no Japão. No Brasil, um dos primeiros clientes do novo portfólio da Intel são os Correios, que já utilizam a tecnologia para apoiar o rastreamento de cargas, entre outras funções.