Começou com uma briga de patentes na Justiça, em que uma companhia tentou impedir a venda do tablet da outra. Agora, parece que o calendário anual foi repartido ao meio: o primeiro semestre é da Samsung, com o anúncio do novo Galaxy, e o segundo é da Apple, com a apresentação do novo iPhone. E assim as duas empresas repartem entre si as atenções da mídia internacional quando o assunto é smartphones. Apple e Samsung estão se tornando a Pepsi e a Coca-cola das telecomunicações.
O investimento grandioso que a Samsung fez no lançamento do Galaxy SIII sugere essa tentativa de rivalizar com o tradicional anúncio anual da Apple. O aparelho será o smartphone oficial das Olimpíadas de Londres. E o evento contou até com a orquestra sinfônica metropolitana da capital inglesa executando a trilha sonora ao vivo. Em seguida haverá um roadshow que dará a volta ao mundo para mostrar o novo produto – o que já havia sido feito com o Galaxy SII no ano passado, com menos pompa que agora.
É inevitável reparar em algumas semelhanças entre o SIII e o iPhone 4S, a começar pela oferta de uma versão branca. Outra é o aperfeiçoamento da funcionalidade de comandos de voz, agora batizada de "SVoice", para fazer frente ao Siri. E a Samsung deu um passo além na interação entre usuário e aparelho, incluindo a ferramenta "smart stay", em que a tela se apaga somente quando o dono para de olhá-la. Tudo isso cria um clima de "corrida", de disputa entre as duas marcas.
Aliás, tal como acontece às vésperas do lançamento de um novo iPhone, a imprensa internacional especulou nas últimas semanas sobre quais seriam as características do novo Galaxy SIII. O clima de suspense foi promovido pela Samsung ao transformar em pauta o próprio anúncio da data de realização do evento, exatamente como faz a Apple todo ano.
É verdade que as variações de market share global nos últimos trimestres indicam essa tendência de bipolarização entre Apple e Samsung no mercado de smartphones, enquanto Nokia e RIM veem suas participações despencar. Mas é preciso tomar cuidado para não cair nessa armadilha: há muito mais competição e dinamismo no mercado de telecomunicações do que no de refrigerantes. Quem está por cima hoje, pode estar por baixo amanhã. Os chineses de hoje podem ser os sul-coreanos de amanhã. E há sempre um finlandês e um canadense prontos para darem a volta por cima.