A Husky (Android, iOS), uma fintech brasileira que efetua pagamentos de moedas estrangeiras, já processa R$ 5,3 milhões e fatura R$ 200 mil por mês. Com uma média de crescimento mensal de 15%, a companhia tem como objetivo chegar a R$ 150 milhões de pagamentos processados até o final de 2019.
“Hoje em dia trabalhamos no breakeven (sem prejuízo). Nosso grande desafio é entrar nesse mercado como líder”, disse Maurício Carvalho, sócio e CTO da Husky. “O mercado – de fluxo de pagamentos internacionais – surgiu há pouco tempo atrás. Atualmente, nossos concorrentes são bancos e corretoras”.
Em pouco mais de três anos de atuação, a companhia transacionou mais de R$ 83 milhões e participou de processos de aceleração no Chile e na Costa Rica. Com nove pessoas em seu time, a Husky trabalha em regime remoto com profissionais em diversos lugares do Brasil, um formato que não pretende abandonar em prol de uma sede própria, por enquanto.
App e modelo de negócios
O executivo ressaltou que a Husky é uma plataforma mobile-first, tanto que não há site para fazer as transações, apenas o aplicativo. Uma vez com o app baixado em seu celular, o cliente faz o cadastro pelo app, com face matching via selfie e comparação da foto do documento cadastrado. Após aprovação do cadastro, o consumidor informa o pagamento, a moeda e o rendimento que receberá. Carvalho explicou que, na prática, a fintech abre uma conta bancária internacional para o cliente. Por trás do aplicativo, a empresa utiliza blockchain e inteligência artificial para processar os pagamentos.
No modelo de negócios, a companhia cobra 4% do valor total a ser recebido (se a moeda for o dólar). Neste percentual, a Husky inclui o IOF e as taxas bancárias.
Na pele
A ideia da Husky é atender o consumidor que trabalha remoto e precisa receber pagamentos do exterior no Brasil, como Carvalho e seu sócio, o CEO da empresa, Tiago Santos. “A startup surgiu comigo e meu sócio em abril de 2016. Trabalhávamos em regime remoto para uma empresa no exterior, e precisávamos receber os pagamentos de 15 em 15 dias. Os bancos de varejo não têm foco em processar esses pagamentos. E não tinham nenhuma solução no mercado. Foi assim que começamos”.
Em pesquisas internas, eles perceberam que essa era uma demanda comum dos consumidores. Ele deu como exemplo o caso de um associado que precisava viajar 45 km para chegar à agência de uma cidade vizinha para receber o pagamento.
Público-alvo
Carvalho explica que a chave para o desenvolvimento de sua empresa é o crescimento de negócios pela web e pela economia digital. Atualmente, 65% da base clientes é composta por publishers e profissionais que trabalham com Internet de maneira geral – influencers, youtubers, blogueiros, gamers etc. Os outros 35% são profissionais da nova economia: programadores, designers, engenheiros e estúdios de desenvolvimento de software que trabalham para empresas do exterior.
“Nós filtramos um nicho que é o de pagamentos profissionais. São pagamentos com recorrência mensal em 90% dos casos”, explicou. “Por mês, processamos 1,2 mil pagamentos recorrentes mensais. 50% são publishers (produtores de conteúdo na web).”
Estratégia
Além do crescimento financeiro da plataforma, Carvalho, da Husky, aposta no crescimento feito pelo “boca a boca” dos seus consumidores com outras pessoas. Por isso, explica que não há investimentos de sua startup em marketing digital, apenas na modalidade de membro traz membro (member gets member). Na ação de relacionamento, o convidado recebe um desconto para entrar na plataforma, e o amigo que convidou recebe um cashback. Após o lançamento oficial do programa de indicações da Husky no último trimestre de 2018, 185 clientes indicaram 405 novos amigos para a startup e R$ 11,8 mil foram pagos em cashback.
Próximos passos
O CTO explica que a empresa estuda a possibilidade de inserir um cartão de débito (multimoedas). Outra solução é o recebimento de pagamentos direto das plataformas em massa (Gearbest e Lionbridge, por exemplo), uma vez que a renda da maioria de seus clientes é composta de Google AdSense, empresa que faz review e publicidade.