Junto com a Rússia e os Estados Unidos, o Brasil está entre os três países do mundo que mais sofrem ataques digitais. Somos um dos líderes em ofensivas por phishing (envio de links para páginas falsas com o objetivo de capturar dados pessoais e financeiros, ou instalar códigos maliciosos), inclusive associado a games, como Counter Strike e Minecraft. Este foi um dos alertas de Renato Moura, diretor da Kaspersky, na live promovida por Mobile Time nesta terça-feira, 3, sobre segurança digital. “Os jogos Counter Strike e Minecraft são os mais visados. Jogadores são convidados a ganhar armas, brindes, ou skins e acabam baixando aplicativos com ameaças escondidas. Há diversas mensagens falsas nestes jogos, que têm o público infantil como alvo”, relatou.

No que diz respeito ao phishing, Moura afirmou que a empresa detectou um aumento de 124% do crime no Brasil, que seria proveniente de todas as formas digitais. E 89,6% das ameaças chegam ao usuário via aplicativos.

Moura também apontou para o perigo de malwares que coletam dados financeiros quando acessamos apps de bancos digitais. Esse dados depois são vendidos na dark web. “Com esse aumento vertiginoso dos ataques, vemos que nossos celulares não são seguros para acompanhar a velocidade das inovações tecnológicas. Um exemplo é o Pix, que tem novos crimes a cada dia. Houve uma transformação do ambiente do crime: ele passou do mundo físico para o digital”, afirmou.

Serviços de proteção

Com os crimes digitais em ascensão, as operadoras e empresas especializadas estão assistindo a um aumento também da procura por proteção. Moura informou que a Kaspersky subiu suas vendas em 30% no Brasil em 2021 em relação a 2020, número que vem aumentando ano a ano.

Segundo Fabio Maeda, diretor de serviços digitais e inovação móvel da Claro, a empresa triplicou sua base de assinaturas de serviços de segurança digital em junho de 2021, em comparação ao mesmo mês do ano passado, tanto em banda larga fixa como móvel.

Bruno Ajuz, vice-presidente de marketing da Telecall, anunciou que a empresa está montando um marketplace e que a segurança será uma das categorias principais.

Já a TIM passou a incluir serviços de segurança em todos os seus principais planos. “Todos os clientes têm acesso, porém nem todos usam. Lembramos sempre sobre as necessidades destes dispositivos, ou seja, a informação é um foco importante”, salientou Bernardo Weisz, diretor de VAS e Devices da TIM.

Proteção

Os especialistas concordam, portanto, que os smartphones não são equipamentos seguros e que é preciso educar os usuários para que eles façam sua própria gestão de riscos. “A forma de se proteger é ter um comportamento digital seguro e uma tecnologia que ajude a te proteger contra aquilo que você não enxerga. A responsabilidade é de todos nós. Trata-se de um processo contínuo. Temos que entender que de grandes poderes vem grandes responsabilidades. Se o celular é uma extensão nossa, precisamos nos proteger, e achar um tempinho para educação cibernética, educação digital”, pontuou Moura.

Maeda destacou a importância da participação da empresa neste processo de construção da informação e divulgou um espaço no site da Claro para explicar alguns mecanismos de segurança, incluindo formas de identificar faturas falsas, de evitar clonagens de WhatsApp, e outras fraudes comuns.

Ajuz fechou fazendo um convite para que a Anatel inclua a educação sobre segurança digital nas políticas públicas do governo – e que o assunto não fique só a cargo do cidadão e das empresas privadas. “É uma provocação”, brincou.

 

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