A Claro é a primeira operadora a oferecer o serviço de FWA 5G no Brasil, disponível inicialmente nas cidades de São Paulo, Campinas, Rio de Janeiro, Porto Alegre e Brasília. Seus dois primeiros planos para o serviço foram lançados nesta semana, com cobrança por franquia de dados: 200 GB por R$ 199,90/mês ou 400 GB por R$ 399,90/mês. Ao contrário da banda larga fixa, contudo, o cliente precisa adquirir separadamente o modem, que promocionalmente está sendo oferecido por R$ 799 para quem assina o plano de 400 GB com fidelidade de 12 meses, mas pode chegar a R$ 1.199 para quem contrata o plano menor e não se comprometer com esse prazo de fidelidade. Os modems FWA vendidos nas lojas da Claro são da Intelbras e operam em 4G e 5G.
O CMO da Claro, Marcio Carvalho, reconhece que o preço do modem ainda é a principal barreira, e que o ideal era que caísse pela metade. Isso só acontecerá com ganho de escala, e o primeiro passo para isso foi dado pela operadora, com o lançamento do serviço. Em entrevista para Mobile Time, o executivo apresentou mais detalhes sobre a estratégia da Claro para o FWA 5G.
Mobile Time – Uma das dúvidas que havia no mercado sobre FWA em 5G dizia respeito ao modelo de cobrança: as teles brasileiras cobrariam por franquia de dados, como fazem com na Internet móvel, ou por velocidade, como fazem na Internet fixa? No exterior, há exemplos dos dois caminho, e também modelos híbridos, que combinam franquia e velocidade. Por que a Claro optou por cobrar por franquia de dados?
Marcio Carvalho – Decidimos por causa da rede móvel. Se ela fosse dedicada apenas ao FWA seria diferente. Mas como temos o FWA usando uma rede móvel compartilhada com smartphones, que se mexem e trocam de uma célula para outra, é difícil cravar uma velocidade nesse ambiente.
Queremos seguir tendo o 5G mais rápido do Brasil, com oferta de Enhanced Mobile Broadband (eMBB) para os smartphones, e agora também com FWA como alternativa de conectividade para casas ou empresas.
Pensam em adotar network slicing e dedicar uma fatia da rede para o FWA?
Estudamos para o futuro o network slicing para FWA junto com aplicações corporativas. Mas quando você fatia a rede, esta tem momentos de ociosidade, então é preciso haver uma lógica de priorização. Mas, sim, o network slicing está no nosso radar e vai nos ajudar a gerenciar serviços como o FWA.
O alto preço do modem sempre foi apontado como um obstáculo para o FWA no Brasil. Como enfrentar essa questão?
O preço do modem é a principal barreira. É um investimento inicial (para o consumidor). Hoje custa cerca de 30% do valor de um smartphone. É um custo considerável quando comparamos com banda larga fixa de fibra óptica. Os equipamentos de FWA estão na casa de US$ 200. Acreditamos que para o serviço ganhar escala esse preço tem que cair para metade disso. Estamos botando o serviço para rodar para gerar escala e conseguir viabilizar isso com a indústria.
Qual o público alvo que a Claro mira com FWA 5G? Esse serviço não canibaliza sua oferta de banda larga fixa?
Queremos que o FWA seja mais uma opção. Não substitui a fibra, que segue operando como a principal forma de conectividade fixa. Mas o FWA é uma alternativa para quem tem problema de tubulação em casa e não consegue instalar fibra, ou para o público mais jovem, que quer mobilidade para levar sua conectividade para onde estiver. A verdade é que ainda vamos aprender muito sobre quem é o público do FWA.
No FWA é o próprio consumidor quem instala o modem. Como vão orientá-lo? Se a localização do equipamento não for bem escolhida, isso afeta a qualidade do sinal…
O modem indica com luzes de cores diferentes se está captando o sinal de 4G ou 5G. E vamos evoluir a parte de autosserviço no app Minha Claro para fazer o diagnóstico do sinal e indicar qual o melhor local na casa.
Quando essa funcionalidade será adicionada ao app?
Isso está no roadmap e é prioridade alta no desenvolvimento. Mas ainda não temos uma data.
Qual foi o critério para a escolha das primeiras cidades a receberem o serviço? São aquelas com melhor cobertura 5G da Claro?
São cidades representativas, com cobertura 5G bastante intensa e nas quais nossa rede está performando bem.
Qual a expectativa de quantidade de assinantes de FWA 5G para o fim do ano?
Temos nossas metas internas, mas não podemos divulgar. Posso dizer que esse é um lançamento mais de inovação, de colocar um produto diferente no mercado. E aí teremos capacidade de ter mais firmeza nessas projeções e descobriremos até onde essa tecnologia pode nos levar.
Depois da Claro, espera que as outras teles também lancem FWA 5G?
Está todo mundo buscando formas de rentabilizar o investimento feito na rede. O ciclo de evolução das redes está se encurtando, só que as receitas não evoluem na mesma velocidade. O FWA é mais uma alternativa de se gerar uma receita adicional e justificar que a gente siga investindo forte na cobertura e na qualidade da rede.