As eleições deste ano serão marcadas como as primeiras que contaram com a utilização do aplicativo móvel de mensagens instantâneas WhatsApp como ferramenta de comunicação dos candidatos com seus eleitores e apoiadores. Se email, site, Facebook e Twitter são canais praticamente obrigatórios para qualquer político que se preze hoje em dia, o WhatsApp é uma novidade que está sendo experimentada neste pleito pelos candidatos pioneiros em tecnologia.
Não é de se estranhar o interesse pelo novo canal: o WhatsApp é, junto com o Facebook, o aplicativo móvel mais acessado pelos brasileiros, de acordo com várias pesquisas recentes, inclusive uma conduzida por MOBILE TIME em parceria com Opinion Box. A taxa de visualização é bem mais alta que a do email e o app traz ainda a facilidade de rápida replicação de uma mensagem para a rede de amigos do eleitor, tornando possível a viralização de uma informação. Isso pode ajudar a desempatar uma eleição, apostam especialistas. "O WhatsApp é uma das principais estratégias de mobilização em uma campanha. Nesse aspecto, é mais efetivo que o próprio Facebook. Se bem utilizado, pode decidir uma disputa mais apertada, com uma margem de até 6%", avalia Iuri de Brito, diretor da Mobilize no Brasil, plataforma de desenvolvimento de apps para políticos.
"Uma das grandes vantagens (do WhatsApp) é a possibilidade de uma comunicação rápida e segmentada por cidades e regiões, o que tem um potencial muito grande tanto de transmissão de informações como de questões relacionadas à mobilização e agenda", confirma Marco Weissheimer, coordenador de redes sociais da campanha de Tarso Genro, candidato à reeleição para o governo do Rio Grande do Sul. A campanha de Tarso, por sinal, é uma das mais ativas na utilização do WhatsApp, tendo inclusive dedicado uma pessoa especificamente para lidar com o canal. Esse profissional monitora diariamente o app, organiza o cadastro de integrantes, sistematiza demandas e sugestões, responde dúvidas e envia conteúdos, após discussão e definição dos mesmos pela equipe de redes sociais da campanha. Todo dia é enviada alguma mensagem, na forma de texto ou de imagem, com informações sobre a gestão de Tarso e avisos sobre a agenda da campanha, como a participação do candidato em debates e entrevistas na TV.
Captação do opt-in
O primeiro passo para se comunicar com o eleitor via WhatsApp é conseguir a sua autorização para tal. Vários candidatos incluem em seus sites fichas cadastrais para quem tiver interesse em receber informações sobre a campanha. Em muitas delas é pedido o telefone celular, o que pode ser eventualmente aproveitado para um contato por WhatsApp ou SMS. E em algumas o campo que seria para inserção do número do celular foi nomeado especificamente como "WhatsApp". É o caso, por exemplo, do cadastro nos site do candidato ao governo do Distrito Federal pelo PSB, Rodrigo Rollemberg. Nele, há ainda a opção de o eleitor indicar que tipo de participação gostaria de ter na campanha: caminhadas, carreatas, colar adesivos, distribuir conteúdo em redes sociais etc.
No site da candidata à presidência pelo PSOL, Luciana Genro, os eleitores são estimulados a assinar um manifesto de apoio no qual podem incluir seu WhatsApp. No mesmo cadastro, aparece a opção de autorização para recebimento de boletins de campanha.
"O WhatsApp está bombando! Mas primeiro é preciso atrair o eleitor, fazê-lo cadastrar seu telefone. A partir daí, vira uma ferramenta de comunicação digital muito mais eficiente que o email", comenta Luis Peres, CEO da Editorall, outra desenvolvedora que aposta no segmento de apps políticos.
Bidirecional
O aplicativo de mensagens pode servir também para receber sugestões, denúncias e vídeos de eleitores. Para tanto, alguns candidatos divulgam em seus sites um número de contato do WhatsApp. MOBILE TIME encontrou pelo menos dois candidatos a governador disponibilizando esse canal para seus apoiadores: Eunício Oliveira (PMDB-CE) e Tarso Genro (PT-RS). No caso do petista, houve a preocupação até com o número telefônico escolhido, cujo final é 13, mesmo número do seu partido. A equipe de Eunício foi procurada POR MOBILE TIME via WhatsApp, mas preferiu não dar entrevista sobre o assunto.
Para o cientista político Bruno Borges, da UERJ, o WhatsApp pode ser uma ferramenta particularmente útil para a base de coordenação de uma campanha, na troca de informações entre apoiadores e na sua viralização. "É um canal importante, não tenho dúvida. E o cadastro construído pode ser usado não apenas nesta campanha, mas potencialmente para sempre", destaca.