A startup brasileira FullFace criou uma tecnologia própria de reconhecimento facial que já conta com mais de 10 milhões de pessoas cadastradas e foi adotada por empresas de diferentes setores, dentre as quais a companhia aérea Gol, em seu processo de checkin pelo app móvel. Seu CEO e fundador, Danny Kabiljo, conversou com Mobile Time e contou que a ideia de trabalhar com biometria surgiu ao acompanhar a transição do varejo do mundo físico para o digital.
“Sempre estive ligado ao varejo e percebi que esse mercado passava por uma grande mudança, saindo do mundo físico e se tornando digital. Só que aí não vemos mais a pessoa com quem falamos. E são cada vez mais pessoas em menos tempo, o que desumaniza todo o processo, sem falar na insegurança. Por isso comecei a estudar o mercado de biometria, pois não basta mais identificar as pessoas com RG ou login para estabelecer um interação de confiança”, relata.
A solução da FullFace consiste na captação de 1024 pontos do rosto da pessoa, gerando um número de 16 mil dígitos que identifica o usuário, como uma espécie de “CPF digital”, nas palavras do executivo. Essa identificação é baseada na estrutura óssea do rosto, o que significa que a presença de adereços, maquiagem ou barba não fazem diferença. “Características superficiais não interferem. Pode estar com barba, sem barba ou mesmo ter feito uma cirurgia plástica: não faz diferença. O que pode afetar a identificação é se houver alterações estruturais, como deslocamento de maxilar ou afundamento do crânio”, explica Kabiljo. De acordo com o executivo, resultados de falso positivo tendem a zero, enquanto falsos negativos podem acontecer dependendo da angulação na hora da foto ou da iluminação do ambiente.
Outro diferencial é que a solução funciona independentemente do hardware, mesmo que a câmera tenha baixa resolução, como uma câmera VGA. O processo de comparação das imagens não acontece localmente, mas nos servidores da FullFace ou do seu cliente. O que é transmitido pelo device do usuário não é a imagem captada, mas esse número de identificação. O processo de autenticação costuma levar poucos segundos, dependendo da velocidade de conexão.
“Se alguém interceptar uma transação ou tiver acesso ao banco de dados, não vai ver foto nenhuma. Vai encontrar apenas um número com mais de 16 mil dígitos e que é impossível de servir para engenharia reversa. Está 100% de acordo com a nova lei de proteção de dados”, afirma.
A tecnologia da FullFace utiliza técnicas de aprendizado de máquina e vai aperfeiçoando a identificação de uma pessoa com o passar do tempo. O algoritmo prevê que haja pequenas variações porque ninguém é reconhecido sempre da mesma maneira, havendo sempre pequenas variações. “Conseguimos diferenciar até dois gêmeos idênticos”, garante.
A solução não está patenteada. A empresa prefere adotar a mesma estratégia da Coca-cola: segredo de negócio. Ou seja, guarda seu algoritmo a sete chaves.
Kabiljo prevê que sua solução seja demandada principalmente pelos setores de finanças, saúde e educação, para finalidades como controle de acesso e controle de presença.