O avanço das redes de padrão aberto (OpenRAN) no Brasil vai depender de parcerias com integradores e de atingir os seus consumidores, como operadoras e empresas que instalam redes privativas, explica Silvio Campos, CEO da Positivo Servers & Solutions. Em conversa recente com Mobile Time, Campos comentou que é preciso ter integradores para complementar a solução de rádio com o hardware, como edge computing da Positivo. Atualmente, a companhia tem 30 soluções de borda (inclusivo outdoor) no Brasil e trabalha como representante da Supermicro.

Os seus parceiros e integradores oferecem o edge como solução ao mercado para ter uma oferta completa de RAN. Essa oferta é feita por Capex ou HaaS,, algo que o executivo vê como tendência grande. Todos com processadores, memórias, até 20 portas de rede. O objetivo é agregar aos servidores de telecom: “Costumo dizer aos integradores que eles são os chefs de cozinha. Eu forneço os ingredientes para eles fazerem suas mágicas e entregarem o prato final para o cliente”, comparou.

Recentemente, os equipamentos de hardware da Positivo fazem parte do @OpenRAN Brasil do Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP) e do CPQD : “O feedback que tivemos é que a linha específica oferecida (para o OpenRAN) tem colaborado para o desenvolvimento”, disse, ao lembrar que a Positivo também participou do projeto-piloto de exames de ultrassom do InovaHC com 5G OpenRAN em edge Supermicro, o OpenCare 5G.

OpenRAN de prateleira: não, obrigado

Sobre a possibilidade de a Positivo Servers & Solutions fazer uma oferta de prateleira para o OpenRAN, o executivo afirmou que a companhia não visualiza isso no “curto e médio prazo”, mas acredita firmemente na relação com integradores, uma vez que são vários ingredientes para se construir uma solução.

“É preciso ter parcerias com empresas para poder chegar na solução final. Não enxergo, nós (Positivo) fazendo uma oferta total. Talvez combos de serviço de suporte e o hardware. Mas não vejo parceira ou aquisição dentro da Positivo para agregar serviços e software em uma solução”, disse. “Ou seja, nós vamos levar uma parte da solução (hardware) e entregar junto com integradores”, detalhou.

Além disso, Campos explicou que têm clientes em redes privativas que compraram dispositivos de edge, mas não pode revelar quais.

Operadoras e edge no 5G

Silvio Campos e o Edge Computing OpenCare 5G

Silvio Campos, CEO da Positivo Servers & Solutions, e o Edge Computing OpenCare 5G (divulgação)

O CEO acredita ainda que a demanda por edge computing com as antenas 5G ainda não estourou, mas acredita que vai chegar lá. Ele compara essa lentidão no apetite das operadoras à introdução do VoIP nas teles três décadas atrás. Também acredita que tecnologias mais robustas como a computação de borda 5G e o OpenRAN estavam mais em voga dois anos atrás, mas perderam força com a falta de investimentos.

“Se estivéssemos falando um ano e meio atrás, eu diria que o 5G estava em alta. Mas ele não evoluiu como o mercado imaginava quando começou a demanda do 5G. A tal da ‘revolução do 5G’ não chegou. Senti que pisaram no freio por conta de investimento”, afirmou. “O meu sentimento é que as operadoras liderariam isso. Tem a iniciativa privada que pode avançar nisso. Mas estamos em um momento para ver quem vai primeiro”, completou.

No atual momento, Campos acredita que as operadoras estão usando a infraestrutura atual do LTE e fazendo uma “migração tímida” para usar o OpenRAN e tecnologias mais avançadas de rede baseadas em processamento. E enxerga uma pressão para não ter muitos investimentos por parte das teles.

“(As operadoras) ainda estão esticando a cauda da atual infraestrutura. Mas estamos preparados, nós temos a infraestrutura, temos a conexão com os integradores. O alicerce está pronto para atender as demandas quando vierem”, completou.

Algar Tech

Campos reforçou que a companhia está ampliando a sua participação na América Latina a partir da recente compra da parte de serviços Algar Tech e aliar com seus produtos, como servidores e edge. “Fazer o fornecimento de produto, por mais qualitativo que seja, se não tiver serviços, você não consegue fazer uma oferta completa. Com a Algar na América do Sul, nós conseguimos ampliar a oferta de produtos”.

O CEO da Positivo Server afirmou que estão em um momento de atuarem em paralelo e fazerem os primeiros “estudos” de sinergia entre as empresas, começando entre os básicos e avançando para os mais específicos. E com isso levar soluções mais completas aos seus clientes.