Uma das mais novas empresas a receberem aporte da Movile foi a peruana CinePapaya, especializada na venda de ingressos de cinema através da web, apps móveis e até TVs conectadas. O que começou como um site de informações sobre horários de salas de cinema está se transformando em um grande negócio de automação e venda digital, levando conveniência para os consumidores e relatórios detalhados sobre a operação para os exibidores. A empresa vende hoje 50 mil ingressos por mês e deve dobrar esse volume até o final do ano, com a entrada de mais algumas centenas de salas em vários países. Cerca de 70% das vendas hoje acontecem via celular. Apesar da participação acionária da Movile, não há intenção de operar no Brasil por enquanto. MOBILE TIME conversou com o CEO e fundador da CinePapaya, Manuel Olguin. Leia abaixo a entrevista.

MOBILE TIME – A CinePapaya recebeu um aporte recente da brasileira Movile. Por aqui pouca gente conhece a empresa. Conte um pouco da sua história.

Manuel Olguin – Fundamos a companhia em 2012. Inicialmente, CinePapaya era um site com informações  sobre cinemas, com os horários dos filmes nas salas do Peru. Até então faltava um serviço desse tipo com informações corretas. Com isso, estabelecemos uma relação mais próxima com os exibidores e percebemos que a maioria não vendia ingressos online. Então criamos uma solução para a venda online na qual cobramos do usuário final um pequena taxa de conveniência, pois não precisa ir à bilheteria. Vai direto para a entrada da sala de cinema onde há tablets para escanear os ingressos. Fornecemos para os cinemas toda a plataforma de venda online, assim como os tablets e módulos de BI para o exibidor gerar relatórios com indicadores e métricas sobre o seu negócio. Quando já tínhamos vários cinemas parceiros,  acrescentamos a mobilidade (a venda de ingressos através do celular). No começo representava menos de 20% do que vendíamos. Ultimamente representa 70% das vendas, somando os apps Android e iOS. Mudou completamente em dois anos.

A receita vem toda da taxa de conveniência?

O principal é a taxa que cobramos do usuário final. Para o cinema sai de graça. Às vezes fazemos promoções pontuais, bancadas por um patrocinador externo, como uma semana em que o consumidor leva dois ingressos pelo preço de um. Quem paga é o patrocinador: o cinema recebe o preço total das entradas. Estamos deixando de ser somente um parceiro tecnológico para ser também um parceiro de marketing, conseguindo patrocinadores.

Vale lembrar oferecemos aos cinemas também apps white label em Android, iOS e Windows Phone para a venda com suas marcas próprias, "powered by CinePapaya". Damos isso de graça aos exibidores. O Cinemark já tem um app white label feito por nós, por exemplo.

E a expansão internacional?

Diante do êxito que tivemos com os usuários peruanos, fomos buscar parcerias com outros cinemas de países vizinhos, especialmente na Colômbia e no Chile. Temos um contrato firmado na Colômbia e estamos prestes a assinar o segundo. E temos dois contratos no Chile. O Cinemark Peru é nosso cliente e estava tão contente que ofereceu parceria no Equador e na Bolívia, onde vamos a lançar dentro de dois meses.

Em quantas salas estão presentes? E quantos ingressos vendem por mês?

Estamos em 150 salas hoje. E temos outras 300 assinadas. Vendemos 50 mil ingressos por mês e devemos dobrar dentro de dois meses. Cobramos de taxa no mínimo 5% sobre o valor do ingresso. Nas promoções patrocinadas pode chegar a 10% ou 15%.

O consumidor precisa imprimir o ingresso para entrar na sala?

O consumidor pode comprar pela web ou através de apps móveis ou TVs inteligentes da LG. Se ele tiver um smartphone, pode receber o ingresso na forma de um QR code, que será escaneado na entrada. Em outros casos, precisa imprimir.

Já pensaram em adotar NFC?

Sempre estamos inovando e queremos procurar outras tecnologias. Mas o NFC ainda não está muito disseminado em dispositivos na América Latina. Estamos estudando.

Quais são as formas de pagamento para quem compra pelo celular?

Cartão de crédito ou débito e Paypal, com quem acabamos de fechar acordo há poucas semanas.

E carrier billing?

Estamos trabalhando com isso agora. A Telefonica é acionista da CinePapaya, aliás. Estamos conversando com eles e procurando uma fórmula. Nossa comissão é baixa. Com o carrier billing ficaria um pouco mais cara. Queremos encontrar um ponto de equilíbrio em que tenhamos rentabilidade e eles também. Mas ainda não chegamos a um acordo.

A Movile, que também é acionista, tem uma solução de carrier billing…

Parte do que faz tão interessante essa entrada da Movile em nossa sociedade é que ela traz toda a experiência e contatos que tem com operadoras móveis. Por isso estou seguro que encontraremos uma solução nos próximos meses (para o carrier billing).

Por que aceitaram a Movile como acionista?

Fomos procurados antes por três ou quatro fundos de venture capital diferentes e por outras operadoras de outras partes do mundo. Com nenhum deles chegamos a um acordo que fosse satisfatório. O interesse da Movile surgiu alguns meses atrás. O mais importante é saber que teremos uma boa relação com os acionistas, porque, afinal, é um matrimonio. Um dos fatores determinantes foi conhecer as pessoas da Movile, ir a São Paulo, conhecer pessoalmente o Fabrício Bloisi (CEO da Movile) etc. É uma empresa que traz experiência grande. A curva de aprendizagem pela qual passaríamos eles já passaram.

O controle da CinePapaya agora é da Movile?

Não. O controle segue com os fundadores. Seguimos com a parte majoritária. Depois vem Movile, Telefonica, outros grupos privados do Peru e investidores-anjo.

Podemos esperar a CinePapaya no Brasil em breve?

Por enquanto não temos planos para o Brasil. Ainda há muito o que fazer na América Latina que fala espanhol.

 

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