Depois de anunciar ter tomado o poder na última segunda-feira, 1, novo governo militar de Mianmar ordenou às empresas de telecomunicações do país que bloqueassem temporariamente o Facebook (Android, iOS). A data limite do bloqueio está fixada para até meia-noite de domingo, 7.
O novo governo de Mianmar alega que o Facebook está contribuindo para a instabilidade no país e em sua ordem citou uma seção da lei de telecomunicações local que justifica muitas ações para o benefício maior da população e do estado.
No geral, na noite desta quinta-feira, 4, hora local, dados técnicos do site NetBlocks, que rastreia o uso global da Internet, a MPT, uma operadora de telecomunicações estatal que comanda o mercado, confirmam que o Facebook está restrito à maioria dos provedores locais. Os resultados da pesquisa do site mostram variações na implementação da proibição militar, com algumas empresas restringindo o acesso ao site do Facebook e outras bloqueando o conjunto mais amplo de produtos e aplicativos móveis do Facebook – ou seja, Instagram, Messenger e WhatsApp. A Telenor, uma das quatro operadoras de telecomunicações do país, disse que expressou “graves preocupações em relação à violação dos direitos humanos”, mas cumpriu a ordem da junta militar de Mianmar.
https://twitter.com/netblocks/status/1357078197989474305
Segundo relatos publicados nos sites internacionais, muitos moradores de Mianmar estão procurando aplicativos alternativos e VPNs – redes privadas virtuais que permitem aos usuários ter mais privacidade na navegação, mas também contornar situações de limitações de uso da Internet.
Um porta-voz do Facebook disse ao site Tech Crunch que a empresa estava “ciente de que o acesso ao Facebook está atualmente interrompido para algumas pessoas”. O porta-voz acrescentou: “Instamos as autoridades a restabelecer a conectividade para que as pessoas em Mianmar possam se comunicar com suas famílias e amigos e acessar informações importantes”.
De acordo com o BuzzFeed News os executivos do Facebook se comprometeram nesta semana a tomar medidas proativas de moderação de conteúdo em Mianmar, que eles denominaram como “Local temporário de alto risco”.
Entenda
De acordo com a BBC, metade dos 54 milhões de habitantes de Mianmar usa o Facebook. Não à toa, a rede social de Mark Zuckerberg é sinônimo de Internet no país. Ativistas criaram uma página no Facebook para coordenar a oposição ao golpe.
A rede social ganhou tamanha projeção e relevância no país depois que a empresa permitiu que seu app fosse usado sem o uso da franquia de dados e, assim, os usuários evitassem o pagamento de altas tarifas de telecomunicações. Com o passar do tempo, no entanto, o Facebook passou a ser usado para disseminar discurso de ódio e desinformação e, a partir daí, a fomentar a divisão e incitar a violência offline em Mianmar. No fim de 2018, um relatório foi publicado afirmando que a rede social não fez o suficiente para impedir a violência.