O desejo por um sistema de Wi-Fi rápido e confiável em ambientes públicos que possa complementar as redes móveis das operadoras é comum no Brasil e fora dele. Seja pela necessidade de empresas e executivos em feiras e eventos corporativos que dependem de uma conexão de qualidade para desempenhar suas funções, seja pela necessidade de consumidores que buscam a rede para se socializar e compartilhar mídias com os seus contatos em tempo real durante grandes eventos, a percepção tem sido a mesma quando o assunto é Wi-Fi. Uma tecnologia que normalmente funciona bem dentro de casa, mas que raramente atende as expectativas quando acessada em um ambiente público com grande presença de pessoas.
A demanda crescente por acesso a redes de dados aliada à percepção de baixa qualidade oferecida pelas redes Wi-Fi disponibilizadas ao público em geral representa uma oportunidade às operadoras móveis – que em alguns casos já começaram a aderir a esta tecnologia como uma maneira de estender sua cobertura de rede de forma mais eficiente e lidar com o aumento expressivo do volume de dados gerados pelos seus clientes. Neste cenário, a empresa que conseguir oferecer um espectro de rede de qualidade e mais barato terá uma grande vantagem competitiva.
Na prática, a maioria das pessoas não sabe ou não se importa com a tecnologia de rede móvel que está usando. Enquanto a qualidade da experiência ao utilizar serviços de dados estiver em linha com a expectativa, os usuários não necessariamente desejam saber se estão utilizando redes 3G, LTE ou Wi-Fi. Isto apresenta uma oportunidade às operadoras de estenderem as suas redes móveis com a tecnologia Wi-Fi que tem um custo menor e uma implantação mais rápida. Mas é preciso que a operadora seja capaz de fornecer uma experiência para o usuário que seja consistente entre as diferentes redes. Isso envolve um roteamento inteligente do tráfego do celular até o Wi-Fi usando recursos sofisticados e avançados de seleção de rede.
Esse roteamento de tráfego inteligente entre diferentes tipos de rede é possível com a tecnologia de Access Network Detection Selection Function (ANDSF),que é parte do 3GPP e que vem sendo incorporada aos sistemas de gerenciamento de políticas como PCRF (Policy and Charging Rules Function) ou Interaction Gateway. Com o ANDSF integrado às soluções de gerenciamento de políticas, as operadoras têm a capacidade de tomar decisões inteligentes antes de rotear o tráfego de um determinado usuário entre as redes celular e Wi-Fi.
Do ponto de vista do usuário, isso pode ser feito de maneira imperceptível, ou seja, o usuário não precisa ter ciência do tipo de rede que está acessando e nem ter a sua qualidade de navegação deteriorada, caso haja o roteamento entre diferentes tipos de rede. As operadoras, por sua vez, podem gerenciar políticas de maneira centralizada, o que proporciona melhor controle sobre as redes Wi-Fi, inclusive determinando as condições de qualidade mínimas necessárias para que uma determinada rede Wi-Fi possa ser selecionada.
Quando a tecnologia ANDSF é associada a PCRF, as decisões de seleção de rede podem ser baseadas em diversas outras informações tais como o perfil do consumidor, o histórico de consumo de dados, o plano de tarifa, o tipo de dispositivo, o horário do dia, informações sobre o local e muitas outras informações da rede.
Com um recurso já disponível no mercado, como por exemplo, de Seleção Inteligente de Rede (Network Selection Intelligence), os consumidores móveis poderão levar o smartphone ao shopping center local, a um estádio, ou a outro país e poderão conectar-se com a melhor rede disponível no momento. Caso as condições de rede se alterem em algum momento, a solução é capaz de realizar a conexão com outra rede disponível, tudo de maneira imperceptível ao usuário final.
O que o consumidor espera é consistência e continuidade. Para o Wi-Fi se firmar como uma tecnologia eficaz para extensão de cobertura de rede e oferta de novos serviços, a operadora deve ser capaz de integrar suas redes celulares e Wi-Fi sem causar prejuízo à experiência do usuário. Não adianta a operadora arriscar sua reputação no fornecimento de uma conexão desprovida de soluções dinâmicas para detecção e seleção de rede quando os seus usuários esperam ter no Wi-Fi, no mínimo, uma qualidade igual ou superior a que teriam com a sua rede móvel.