A inteligência artificial conversacional começa a ser embarcada em robôs humanoides. É o caso do robô Digit, desenvolvido pela fabricante norte-americana Agility Robotics, e apresentado no palco principal do MWC25 (Mobile World Congress), em Barcelona, nesta terça-feira, 4.
O Digit foi criado para realizar tarefas básicas em fábricas, como transportar objetos e colocá-los em locais específicos. Em vez de ser controlado por um controle remoto, como outros robôs, ele recebe as ordens por voz e usa o Gemini para compreendê-las e executá-las.
No palco do MWC25, o Digit realizou tarefas como pegar objetos de determinada cor e colocar em uma bandeja sobre uma mesa, a pedido da CEO da Agility Robotics, Peggy Johnson. A executiva esclareceu que aquele robô não havia sido programado previamente para realizar essas tarefas. Apenas com o Gemini e suas câmeras ele foi capaz de entender os pedidos e realizá-los.
Robôs humanoides X humanos
O Digit tem 1,70m de altura e pesa 73 kg, mas deve ficar cada vez mais leve em suas novas versões. A ideia é que ele faça trabalhos repetitivos e tediosos, ocupando vagas de emprego rejeitadas por seres humanos. “Há 1 milhão de vagas de emprego em aberto nos EUA que não são preenchidas porque ninguém quer. É nelas que focamos”, disse a executiva.
Hoje, os Digits operam em espaços apartados dos humanos, porque não há uma garantia total de segurança. O próximo passo, se resolvida a questão da segurança, seria ter um convívio mais próximo entre humanos e robôs em ambientes de trabalho. Em seguida, eles poderiam ser adotados dentro de residências, para fazer trabalhos domésticos, como cozinhar ou lavar a louça, prevê Johnson.
A executiva alerta, contudo, que é necessário criar uma regulamentação para ordenar como será a convivência de robôs humanoides e seres humanos. A Agility Robotics defende que haja alguma regulamentação e quer participar dessa discussão. “Isso precisa ser definido. A gente quer isso”, afirmou.
Análise
A convergência de IA conversacional e robótica é disruptiva. Isso facilita e democratiza incrivelmente a operação desses robôs, prescindindo de complexos controles remotos.
A tendência é de que essa mesma combinação chegue a vários outros robôs, não necessariamente humanoides, como drones ou robôs aspiradores.
Mas, sem dúvida, a regulamentação se torna urgente para viabilizar a abertura dessas possibilidades de maneira segura. Se produtos forem usados de maneira inapropriada, ou se reagirem de forma inesperada ou perigosa a partir de um comando, pode haver um impacto negativo na percepção sobre essa tecnologia e retardar ou até mesmo proibir a sua adoção.
Foto no alto: Peggy Johnson, CEO da Agility Robots, apresenta o Digita no MWC25 (Crédito: Fernando Paiva/Mobile Time)