O que uma rede social local pode ter a ver com serviços de segurança? Para a Nearbee, start-up de Campinas, tudo. A empresa criou um app (Android, iOS) que funciona como uma plataforma comunitária colaborativa, mas também como um canal para a venda de serviços e dispositivos de segurança, cuja comercialização começa esta semana.
Pelo app, as pessoas criam "beezers", que são publicados sobre o mapa e visíveis para os outros usuários, especialmente aqueles que estiverem por perto, pois estes recebem uma notificação. O "beezer" pode ser desde um pedido de ajuda banal entre vizinhos, como um pouco de café ou açúcar, até o anúncio de venda de algum produto usado, passando por convites de lazer ou mesmo alertas de segurança. Cada beezer fica exposto no mapa por um tempo pré-definido pelo seu autor, que pode ser contactado por outros usuários e iniciar uma conversa sobre o tema por dentro do app. Em Campinas, onde o app nasceu, é possível encontrar "beezers" dos mais variados publicados no mapa. "Conectamos pessoas próximas que não se conheçam para que se ajudem", resume Felipe Fontes, CEO e fundador da Nearbee.
Segurança
Uma das funcionalidades com maior destaque dentro do app é a de criação de uma chamada de emergência, simbolizada por um sino vermelho. Quando o usuário clica nesse botão, o app liga o microfone e começa a gravar o áudio à sua volta. O usuário pode indicar a natureza da emergência entre quatro opções: crime, saúde, desastre ou cotidiano. A gravação é enviada para outros usuários que estiverem por perto, mas também para a polícia, nas cidades onde houver integração do Nearbee com o serviço de 190. O app está integrado com a Guarda Municipal do Rio de Janeiro para ser testado na região do Porto Maravilha e há conversas adiantadas com a secretaria de segurança de Campinas e com a Polícia Militar paulista. "A ideia é transformar o celular do usuário numa extensão da central de segurança", compara Fontes. Vale destacar que a Seal Telecom, que é uma das investidoras do Nearbee, é fornecedora de tecnologia para a PM-SP.
A utilização do botão de emergência é gratuito. Mas para aqueles que quiserem se sentir ainda mais seguros, a Nearbee inicia esta semana a comercialização de um produto e de um serviço, o Alfabee e o Monitorbee, respectivamente. O Alfabee consiste em um dispositivo de pequeno porte que se comunica via Bluetooth Low Energy (BLE) com o smartphone do usuário e que contém um botão físico de emergência. Ao apertar duas ou mais vezes o botão, é aberto um chamado de emergência através do Nearbee. Serve para situações em que seria arriscado para a pessoa sacar o smartphone do bolso para abrir o app. O aparelho será vendido por R$ 99 através de parcerias com distribuidores e varejistas, além do próprio site da companhia.
O Monitorbee, por sua vez, é um serviço de suporte aos chamados emergenciais feitos pelo Nearbee. Atendentes em uma central que funciona 24 horas por dia acompanham remotamente a ocorrência e tomam as providências necessárias para que o socorro seja prestado a contento, inclusive contactando as autoridades competentes ou chamando uma ambulância. A central dispõe dos dados médicos do usuário e pode prestar informações relevantes à distância para quem prestar socorro. "É como um anjo da guarda remoto digital", compara Fontes. A central que vai operar o serviço é a mesma utilizada para monitoramento patrimonial pela Vigzul, empresa de segurança do mesmo dono da companhia aérea Azul e que é outra investidora da Nearbee. O Monitorbee custa R$ 12,90 por mês.
O fato de o app abranger várias ferramentas ao mesmo tempo não é visto como um problema por seu fundador. Ao contrário, é uma solução para manter vivo o engajamento do usuário depois das primeiras utilizações de teste. "Desde o começo discutimos essa questão da amplitude. Outras plataformas de segurança tendem a cair no esquecimento porque não vivemos situações emergenciais diariamente", explica. A ideia é que as funcionalidades de rede social local mantenham as pessoas engajadas recorrentemente, de forma que lembrem do Nearbee se em algum momento precisarem realizar um chamado de emergência.
Expansão
Nas próximas semanas a start-up pretende conquistar usuários no Rio de Janeiro, em São Paulo e em Belo Horizonte. Sua estratégia consiste em ações offline segmentadas por região, tentando engajar bairro por bairro. No Rio, o foco inicial será a região do Porto Maravilha. Haverá também campanhas on-line para incentivar o download.
Mesmo ainda sem grande investimento em marketing, o app vem registrando 300 downloads por dia. A meta é chegar ao fim do ano com mais de 100 mil usuários do Nearbee, vender 50 mil unidades do Alfabee e conquistar 20 mil assinantes do Monitorbee, diz Fontes.