| Publicada originalmente no Teletime | Como uma operadora focada predominantemente no móvel e na operação de banda larga fixa, a TIM fica em uma posição confortável com a possibilidade de canais lineares por streaming serem classificados como serviço de valor adicionado (SVA), e não como TV por assinatura (SeAC). A empresa enxerga com bons olhos a chegada de players como Globoplay nesse contexto, bem como ofertas de VOD mais tradicionais, como Netflix, Disney+ (que será lançado em novembro) e Amazon Prime Channels.
Em conversa com Teletime, o diretor de marketing da TIM, João Stricker, destacou que a empresa fica em posição “muito interessante” ao poder agregar esses tipos de conteúdo às ofertas. Com isso, pretende também observar a estratégia para o serviço móvel, no qual quer “sair do preço por giga e trazer algo mais de valor”.
“Para o cliente é bom. Algumas produtoras e distribuidoras seguram um pouco, óbvio que é super relevante, mas a evolução é ter acesso à demanda”, opina. “Para a gente é muito bacana, somos a única operadora que não tem TV. Disponibilizar [o conteúdo] sem ser pela Pay TV é algo com o qual já temos trabalhado nos últimos tempos, com o Cartoon Network, Esporte Interativo e Fox.”
Globo e Disney
A opeadora está trabalhando nas negociações com empresas, e deverá divulgar lançamentos até o final do ano. Pelo movimento da Globo ainda ser recente, Stricker não confirmou haver uma negociação com a empresa, mas destacou o interesse, dizendo que “faz total sentido”.
Já com a Disney, ele confirmou haver conversas. “A gente tem que conseguir de alguma forma priorizar e botar no roadmap, porque é um processo de integração comercial e técnica. Nosso objetivo é trazer como parte da oferta da TIM, não adianta sermos meros revendedores de conteúdo”, diz. A Telecom Italia tem parceria a Disney na Itália, mas o diretor de marketing da TIM lembra que, com o mercado competitivo e a base mais dividida no Brasil, é mais provável que empresas de conteúdo não fechem acordos de exclusividade.
Móvel
João Stricker considera que o consumo de plataformas over-the-top (OTT) no serviço de celular é uma realidade com a tecnologia LTE atual. “O 4G já é bem suficiente para vídeo, o 5G não trará uma grande diferença nisso”, afirma. Segundo ele explica, há banda suficiente na tecnologia, e a otimização de OTTs para telas menores do que as TVs e sem tanta demanda de alta resolução, acabam por trazer uma experiência “muito boa” para o cliente.
Naturalmente, há também o perfil de uso. O consumo de vídeo no celular tende a ser diferente da TV, com vídeos mais curtos, como os das plataformas Instagram e TikTok. “A tecnologia de compactação e o bitrate permitem. Óbvio que a gente cuida muito do espectro, tem que ser saudável”, declara.
SVA
Para a Globo, que acabou de lançar o Globoplay com canais lineares, não há dúvida jurídica sobre a classificação da OTT como SVA. O assunto será debatido, possivelmente de forma definitiva, pelo conselho da Anatel no próximo dia 9 de setembro em reunião extraordinária a pedido do conselheiro Emmanoel Campelo.