Após o lançamento do Observatório Brasileira de Inteligência Artificial (OBIA), o grupo que capta os dados para monitorar o uso da IA no País quer expandir essa análise para o mercado de trabalho. Durante painel no Seminário Brasileiro de Inteligência Artificial nesta quarta-feira, 4, Caroline Nascimento Pereira, assessora técnica do CGEE (Centro de Gestão e Estudos Estratégicos), do MCTI (Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação), informou que está em tratativas com o Ministério do Trabalho (MTB).

Segundo Pereira, o CGEE quer mapear o mercado de trabalho em IA e, em paralelo, a especialista reforçou que o MTB está montando um grupo de trabalho para discutir o impacto da inteligência artificial no mercado, como números de pessoas e profissões que terão o impacto direto: “É um projeto que estamos começando no MCTI e esperamos que em breve esteja no OBIA”, disse.

Por sua vez, Carlos Freire, diretor de produção e análise de dados do SEADE de São Paulo, também revelou que o departamento está montando um estudo sobre a IA e o mercado de trabalho, uma vez que é um tema que permeia várias áreas e que terá um impacto muito grande em várias ocupações e várias áreas: “Os estudos atuais de inteligência artificial e mercado de trabalho se concentram em previsões e estimativas baseadas em outros países. Cabe a nós começarmos a trabalhar em diferentes frentes com informação de qualidade sobre o impacto real”, completou.

Lançado na última terça-feira, 3, o laboratório brasileiro de inteligência artificial aborda inicialmente três eixos:

  • Adoção e uso da IA na economia, educação, governo e saúde;
  • A produção de conhecimento voltado à IA ao enumerar patentes e publicações científicas;
  • E o impacto da inteligência artificial na educação básica.

Todo esse arcabouço de informações está disponível em um site construído com Cetic.br|NIC.br, Ceptro.br|NIC.br, além do MCTI, o CGEE, a Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade) e o Centro de Inteligência Artificial (Center for Artificial Intelligence – C4AI).

OBIA, mais que dados

Ao abrir o segundo dia do seminário, a coordenadora do CGI.br, Renata Mielli, recordou que o OBIA é uma das dimensões do Plano Brasileiro de Inteligência Artificial (PBIA) lançado no último mês de julho. E embora não tenha relação com o debate da regulação de IA, o seu acúmulo de informações em um painel pode contribuir para o debate com dados atualizados e fidedignos.

Além disso, Fábio Senne, coordenador de pesquisas TIC do NIC.br, afirmou que indicadores de IA estão dentro da pesquisa TIC Empresas para avaliar o impacto da inteligência artificial nas companhias brasileiras. Atualmente com as equipes de campo coletando seus dados, o estudo deve sair no ano que vem.

Senne também afirmou que o Cetic.br colaborou para um levantamento do cenário da IA nos países do G20 para analisar temas como impacto computacional e sustentabilidade. O seu resultado será apresentado em breve. O especialista reforçou que é preciso acompanhar os debates internacionais ao mesmo tempo que é importante medir as demandas locais.

João Paulo Veiga, coordenador de impacto do C4AI/USP, acredita que o lançamento do OBIA vai ao encontro de lançamentos de outros observatórios de inteligência artificial ao redor do planeta, como aqueles lançados pela OCDE e pelo governo do Marrocos. Disse ainda que em breve será possível pensar os observatórios em escala global e fazer a curadoria de dados para serem utilizados em cada país a partir de suas próprias políticas públicas.

Imagem principal: Arte de Nik Neves para Mobile Time