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|Atualizada em 5 de novembro| O vestibular da USP, organizado pela Fuvest, adota este ano a tecnologia de reconhecimento facial desde a inscrição do candidato até a sua matrícula. Ao todo, 130 mil pessoas se inscreveram para a prova e incluíram em seus cadastros uma foto de seu rosto que será comparada com outras tiradas por fiscais durante as provas e também no ato da matrícula. É o segundo ano consecutivo que a Fuvest utiliza essa tecnologia, mas em 2018 não era obrigatório o envio de foto na inscrição – a verificação era feita entre fotos tiradas pelos fiscais nas provas e na matrícula. Trata-se do único vestibular do País a adotar esse procedimento de segurança.

“Para nós é um ganho grande do ponto de vista de segurança e confiabilidade no processamento das provas”, diz Belmira Bueno, diretora executiva da Fuvest. “Evitar fraudes é a principal motivação. Queremos ter certeza de que quem faz a prova é a mesma pessoa que se matricula. Queremos garantir igualdade para todos, um vestibular justo”, acrescenta Fábio Rodrigues, professor da USP e supervisor acadêmico da Fuvest. Vale lembrar que o vestibular da USP é o mais concorrido do Brasil. No curso de medicina, o mais disputado este ano, a proporção é de uma vaga para cada 129,5 candidatos.

Apenas 1.483  imagens enviadas continham problemas e não serviam para o reconhecimento facial. A maioria eram casos de rotação ou de ampliação e foram recuperadas com métodos computacionais. Em 181 casos foi necessário entrar em contato com os candidatos individualmente e solicitar o envio de uma nova foto.

Houve também uma solicitação de candidatas muçulmanas para que possam realizar a prova com véu. A Fuvest aceita o uso de véus desde que não escondam a face das pessoas, permitindo que elas sejam visualizadas da fronte até o queixo. É o mesmo procedimento aceito pelo STF para fotos na carteira de habilitação, explica Bueno. Em caso de véus que cubram as orelhas é usado um detector de metais para verificar se não há um aparelho de comunicação.

Procedimentos

A prova da primeira fase acontecerá no dia 24 de novembro. A segunda fase terá dois dias de prova: 5 e 6 de janeiro. Algumas carreiras, como música, artes cênicas e artes visuais, demandam ainda uma prova de habilidades específicas.

Em todos os dias das provas, fiscais munidos de tablets percorrerão as salas para tirar uma foto do rosto de cada candidato. As imagens serão transferidas para o data center da Fuvest e confrontadas pela solução de reconhecimento facial com aquelas enviadas no cadastro. Uma equipe da Fuvest estará de plantão acompanhando todos os dados encaminhados pelos fiscais em tempo real, como quantidade de ausentes, quantidade de presentes e as próprias fotos.

A conferência será mais rigorosa com aqueles que forem aprovados, sendo feita uma verificação do rosto inclusive no ato da matrícula, informa Rodrigues. É esperado que na matrícula muitos estudantes estejam com o cabelo raspado, por conta da comemoração pela aprovação no vestibular, mas isso não será um problema para o reconhecimento facial feito pelo sistema, garante o supervisor. Ele ressalta ainda que a tecnologia não vai averiguar fraudes no processo de cotas. “Esse não é o propósito hoje”, explica.

A solução de reconhecimento facial adotada pela Fuvest mescla um sistema fornecido por terceiros com adaptações realizadas por técnicos da USP. São verificados pelo menos 27 pontos da face. Os arquivos são criptografados e todo o processo segue o tratamento de dados previsto pela Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), garante Rodrigues. 

Na edição do ano passado não foi detectada nenhuma tentativa de fraude pelo sistema de reconhecimento facial. Rodrigues acredita que a publicação de reportagens sobre o uso da tecnologia inibiu potenciais fraudadores.

 

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