O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, acredita que a agenda em prol da digitalização do sistema financeiro brasileiro terá continuidade com seu sucessor, Gabriel Galípolo. Durante participação em evento organizado pelo Google nesta segunda-feira, 4, Campos Neto afirmou que a digitalização será um dos principais esforços do próximo chefe do regulador financeiro, ao lado da redução de “hierarquias” no regulador.

O presidente do BC citou seu predecessor, Ilan Goldfajn, ao lembrar que a sucessão no órgão é similar a uma corrida de revezamento no atletismo, com uma pessoa passando o bastão para outra e passando a torcer para que o seu substituto avance mais.

Apesar de acreditar que “cada gestor tem seu ritmo”, Campos Neto reforçou que a agenda de digitalização do BC será mantida, em especial:

  • A evolução do Pix;
  • O Drex e a tokenização da economia;
  • O Open Finance;
  • E a internacionalização que pode surgir com o decorrer do tempo.

“Nós estamos entrando em uma época de pagamentos instantâneos, algo que está começando a se proliferar em vários países. A próxima etapa é a programabilidade”, disse. “Quando falamos de Pix, open finance e Drex se encontrando, nós vimos isso lá em 2018. Mas uma das coisas que ainda não está dimensionada é o Open Finance, com a democratização e a tokenização. Porém, nós estamos caminhando para ter isso (transação) em forma de token, não de conta”, completou.

Internacionalização

Campos Neto afirmou que um dos próximos passos do Pix é a conexão com outros países. Deu como exemplo o Nexus de Cingapura e o TIPS da Europa. Em sua visão, a conexão e a parceria com outros países e blocos econômicos para transações transfronteiriças reduz a necessidade de ter moeda única para operações financeiras, como uma moeda dos Brics.

O apontamento do presidente do BC surge pouco mais de uma semana após o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sugerir a criação de uma moeda dos Brics: “Agora é chegada a hora de avançar na criação de meios de pagamento alternativos para transações entre nossos países”, afirmou Lula. “Não se trata de substituir nossas moedas. Mas é preciso trabalhar para que a ordem multipolar que almejamos se reflita no sistema financeiro internacional. Essa discussão precisa ser enfrentada com seriedade, cautela e solidez técnica, mas não pode ser mais adiada”, completou o presidente no último dia 23 em discurso para os outros participantes do bloco econômico.

Fraudes

Durante bate-papo com o presidente do Google, Fabio Coelho, Campos Neto afirmou que o Banco Central deve lançar em breve a opção de rastreamento, bloqueio e devolução de valores no arcabouço do Pix, como medida para diminuir as fraudes bancárias.

Além disso, Campos Neto afirmou que o regulador trabalha em três dimensões:

  1. Melhoria e endurecimento no processo de abertura de contas para reduzir contas laranjas e fantasmas que recebem o dinheiro das fraudes;
  2. Conscientização da população sobre os riscos de caírem em golpes financeiros;
  3. E a utilização de banco de dados para reconhecimento de padrões de fraude.

Com essas três ações, o presidente do BC acredita que a fraude deve diminuir.

Vale dizer, Campos Neto não conversou com a imprensa. Apenas participou da conversa com Coelho, pois está em período de silêncio antes da divulgação dos índices econômicos do trimestre brasileiro (vide Taxa Selic).

Imagem principal: Roberto Campos Neto (frente), presidente do BC, em conversa com Fabio Coelho, presidente do Google (divulgação)

 

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