A Turbi (Android, iOS) é uma locadora de carros digital que está em atividade há dois anos e meio e que almeja dar um salto significativo em 2020, com crescimento projetado de dez vezes. No momento, a startup opera em São Paulo com 512 carros, 150 mil usuários cadastrados, mais de 500 mil downloads de seu app e receita anual de R$ 8 milhões. No ano que vem, a meta é ter uma frota de 5 mil carros, expandir a operação para mais duas cidades paulistas (Campinas e São José dos Campos) e atingir faturamento anual de R$ 100 milhões. Para alcançar esses objetivos, a startup conta com a ajuda da tecnologia que ela própria desenvolve.
“Começamos com cinco carros em 2017, agora temos 512 carros e vamos chegar a 5 mil ano que vem. A briga agora é de escalada. A parte mais doída a gente já superou. Hoje, temos manuais de crescimento. Criamos algoritmos que mostram onde devemos botar carros novos para terem maturação mais rápida. Usamos machine learning e o algoritmo vai aprendendo o comportamento do usuário com nosso app”, relata Diego Lira, cofundador do Turbi.
A tecnologia está no DNA da empresa, a começar pela própria experiência oferecida para o seu cliente, que é 100% digital. Da escolha do carro até a sua devolução e travamento, tudo acontece através do app, sem ser necessário falar com ninguém. Pelo smartphone, o consumidor faz um cadastro, que inclui foto da sua carteira de habilitação, selfie para reconhecimento facial e uma assinatura digital. Depois, escolhe um dos veículos disponíveis no local onde deseja pegá-lo. É possível ver o modelo, a placa e até o nível do tanque de combustível. Na frota, há carros diversos, como Mitsubishi ASX, Hyundai HB20, Chevrolet Onix, Mitsubishi Lancer e Mini Cooper Cabrio. Uma vez reservado o automóvel, o usuário tem 30 minutos para retirá-lo. O destravamento da porta acontece também pelo app, assim como o bloqueio após a devolução, que precisa ser feita no mesmo local. A frota da Turbi está distribuída por 300 pontos de São Paulo, entre estacionamentos privados, prédios corporativos e coworkings. A cobrança é por minuto de uso (mas, para facilitar a compreensão pelo consumidor, a Turbi apresenta a conta por hora, mais um pro-rata pelos minutos extras). E o pagamento acontece por cartão de crédito dentro do app.
Cada automóvel tem embutido um dispositivo de monitoramento que se comunica com a plataforma da Turbi por GPRS e SMS, e com o smartphone do cliente por Bluetooth. Esse dispositivo coleta todos os dados disponíveis no computador de bordo do carro. As principais informações monitoradas são o nível do tanque de combustível, a leitura do odômetro, o travamento e o destravamento das portas, e a geolocalização. A solução atual foi desenvolvida por uma empresa alemã. A Turbi importa os equipamentos, que custam algumas centenas de euros, e paga um licenciamento mensal pelo seu uso. Para reduzir esse custo, a startup está concluindo o desenvolvimento do seu próprio dispositivo e software de monitoramento, batizado internamente de T-Box. Seu custo será mais de 90% mais barato que o atual importado. A migração para a nova solução será concluída no primeiro trimestre de 2020.
“Costumo dizer que a Turbi é uma empresa de tecnologia que porventura aluga carros. Hoje temos 40 pessoas trabalhando conosco, das quais 20 são desenvolvedores. E esse número deve quadruplicar ano que vem. Temos cientistas de dados também”, comenta Rivera.
Futuro
A expansão prevista para o ano que vem depende de uma nova rodada de investimento, mas o executivo prefere não divulgar o valor que pretende levantar.
E para 2021 a ideia é manter a expansão rápida, chegando a uma frota de 20 mil carros e presença em 20 a 30 cidades. “Um dos diferenciais das startups para as empresas tradicionais é que somos data driven. Nossa tomada de decisão fica mais fácil porque contra números não há argumentos”, comenta Rivera.
O crescimento rápido provavelmente chamará a atenção de grupos maiores, mas o empreendedor garante que seu objetivo de médio prazo não é a venda da Turbi.
“Acho nocivo ficar pensando no exit porque atrapalha a tomada de decisão.
Meu objetivo não é ser vendido tão cedo. Quero fazer uma empresa que consiga ter uma longevidade e perpetuidade de forma lucrativa. Mas nunca diga nunca. Temos investidores que puseram dinheiro aqui e temos que respeitar a vontade deles”, conclui.