XP

A XP pretende obter os primeiros resultados financeiros com ciência de dados e aplicações de inteligência artificial em 2021. Em conversa recente com Mobile Time, o CTO da companhia, Thiago Maffra, afirmou que o grande desafio da companhia para o ano será “escalar a parte de ciência de dados e gerar resultados a partir deles”.

“Temos vários casos de uso, mas 2021 será o ano de consolidar os resultados. Usamos (IA e dados) para combater fraudes, analisar trading, evitar churn, fazer atendimento, entender o comportamento do cliente – apenas na startup de corretagem da XP, a Clear – ou ofertar uma próxima compra (de investimento)”, explicou o gestor.

Maffra disse ainda que para chegar neste patamar de obter resultados e melhorar são necessários muitos dados. Para isso, a companhia criou um data lake centralizado entre 2019 e 2020. Ainda no ano passado, a instituição financeira começou a entrar com modelagem e cientistas de dados na operação.

“Antes existiam silos de dados pela empresa. Mas nesta jornada a questão é como trazer (os dados) para um lago central, como limpá-los e separá-los. Por isso entramos com modelagem e cientistas de dados. Vão de modelos simples de algoritmo até processamento de linguagem natural e IA para entender o usuário”, afirmou.

Vale dizer que a XP começou a sua transformação digital em 2017.

Mudanças

Com mais de 20 de anos de atuação no mercado, a XP nasceu em um formato analógico. Em 2017, o comando da companhia percebeu que precisava partir para o digital e fazer uma transformação maior, como afirmou o CTO. Em seguida, a financeira iniciou um processo de busca das melhores práticas de gestão (benchmarking) com varejistas e startups. Visitaram Amazon e Google nos EUA e a liderança fez cursos da Singularity University.

Os estudos deram base para a XP fazer a reorganização necessária. Mudando pensamento e cultura organizacional, a empresa deixou o modelo cascata e aderiu ao agile e squads multidisciplinares. Durante esse período de transformação, havia 150 pessoas na área de tecnologia da XP em 2018. Em 2021, a empresa possui mais de 80 squads e 1,5 mil colaboradores.

“Contratamos muita gente de fora e com perfil diferente do mercado financeiro. Trouxemos pessoas do Google, Facebook, Movile, Nubank e Quinto Andar, por exemplo”, disse Maffra. “Adotar agile e squads é uma parte pequena. Passamos pelo capabilities, por mudança de mindset. Fizemos uma reorganização bem ampla. Queríamos nos transformar em uma empresa de tecnologia”, completou.

Estrutura

Dentro da área de tecnologia, a XP é dividida em quatro verticais: tecnologia e infra; produtos; design; e operações. Não há separação entre negócio e tecnologia. Além disso, os squads não têm metas de tecnologia. As metas são de negócios e são coletivas, como ativar clientes ou trazer captação. Esse formato está ligado à cultura organizacional da empresa com o modelo de remuneração de todos os funcionários baseado em desempenho. Um quarto da empresa (400 pessoas) é de sócios minoritários.

“A maior transformação digital da empresa é de mindset e cultura. O C-Level vira muito mais um suporte dos times do que uma diretoria que toma as decisões”, afirmou.

A estratégia organizacional da companhia financeira é reproduzida nas estratégias de adoção de tecnologia. O CTO explica que tudo o que é estratégico é feito dentro, como a produção interna de algoritmos. Por outro lado, os serviços “commoditizados” são contratados, vide soluções de autenticação, autorização e o IBM Watson como motor de IA.

“A grande mensagem que fica é: a XP é uma grande empresa de tecnologia que atua no setor de mercado e serviços financeiros. Nosso objetivo é ser reconhecida como uma das principais empresas de tecnologia do mercado. Mas temos muito a evoluir”, concluiu.

 

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