Apesar de, em um primeiro momento, a Anatel ter sido a favor do uso integral do espectro de 6 GHz para o uso do Wi-Fi, atualmente, a agência analisa as outras possibilidades. Além do uso exclusivo para a rede sem fio, há ainda a possibilidade de dividir a faixa entre Wi-Fi e IMT (sigla em inglês para Telecomunicações Móveis Internacionais). Neste caso, há uma possibilidade de licitação para o 5G e 6G. A terceira opção seria dividir a faixa entre Wi-Fi e IMT, mas permitindo o uso da faixa toda para o Wi-Fi indoor. Para avaliar as possibilidades, a Anatel fará uma tomada de subsídios com abertura ainda nesta semana. A ideia, neste caso, não é apenas investigar o uso desta faixa, mas também de outras para uso diverso de médio e longo prazo do espectro.
No caso de um possível leilão, Abraão Balbino, superintendente executivo da Anatel, disse que o certame leva de dois anos e meio a três anos para entrar na agenda regulatória e na agenda da união. “Estamos fazendo uma tomada de subsídios que vai nos permitir ter uma noção de quais são as faixas (que entrariam neste leilão) e quais questões principais que envolvem cada faixa. Em geral, a gente já parte para a licitação. Mas agora, temos uma discussão que é o refarming da faixa de 850 MHz que está para acontecer, sobra de espectros de várias outras faixas e temos a discussão da faixa de 6 GHz”, informou durante reunião do Conselho Consultivo da Anatel, que aconteceu nesta segunda-feira, 5.
Por conta das polêmicas, a Anatel resolveu trazer o tema do leilão à tona e antecipar essas discussões para o início do debate de como estruturar o leilão.
Testes
Com relação ao uso do Wi-Fi e IMT, Vinicius Caram, superintendente de Outorga e Recursos à Prestação, explicou que a agência já realizou reuniões e conversas com a indústria e as operadoras para a realização de testes de laboratório para analisar a convivência das tecnologias. Ele também lembrou que não existe nenhuma ERB da rede móvel em 6 GHz para a realização dos testes. “A solução é fazer simulação computacional ou em protótipos. Os testes vão responder questões como a potência máxima de access point Wi-Fi outdoor e para a rede móvel.
“Os Estados Unidos saíram na frente com o Wi-Fi 6E, mas não tem requisitos para a operação outdoor ainda. O Brasil pode ser a vanguarda, mas precisamos de pesquisa e laboratórios equipados com equipamentos que hoje não se tem”, resume Caram.
Balbino complementou explicando que a tomada de subsídios deverá ajudar a responder “o que se imagina em termos de crescimento de tráfego e uso de banda especialmente para o móvel que demanda uma locação de mais faixa além das existentes, levando em consideração que o maior leilão de espectro aconteceu há menos de três anos atrás”.
Por outro lado, quem é contra o uso exclusivo da faixa para o Wi-Fi questiona por que é necessário 1 GHz de espectro “para o uso basicamente indoor”, explicou Balbino.
Imagem: apresentação do superintendente Vinicius Caram sobre o compartilhamento ou não da faixa de 6 GHz durante reunião do Conselho Consultivo. Reprodução de vídeo