O órgão de competição e mercado do Reino Unido decidiu nesta quarta-feira, 5, que o investimento de US$ 13 bilhões Microsoft na OpenAI não cabe investigação. Além disso, o Competition and Markets Authority (CMA) convocou desenvolvedores de aplicativos para falar sobre o domínio de Apple e Google no mercado móvel britânico.
OpenAI e Microsoft
A CMA encerrou a investigação contra o investimento da Microsoft na OpenAI, uma vez que não criou eventos de risco à competição, tais como:
- Aumento do controle da Microsoft na OpenAI;
- Bloqueio de rivais da big tech às tecnologias da OpenAI;
- Risco de falta de materiais de equipamentos para treinamento de inteligência artificial, já que que a OpenAI se torna um forte comprador com este capital;
- Riscos ao desenvolvimento, distribuição e suporte em serviços baseados em modelos de fundação, como chatbots.
Em dezembro de 2023, a CMA convidou as partes e terceiros a comentarem se a parceria entre as duas empresas teria resultado em uma fusão relevante. E, em caso afirmativo, qual o impacto para o mercado na Inglaterra. Oficialmente, a investigação foi aberta um ano depois e descobriu que o investimento da Microsoft na OpenAI aconteceu ao longo de três anos. Ao todo, foram três aportes da big tech: US$ 1 bilhão em 2019; US$ 10 bilhões em 2021; e os outros US$ 2 bilhões em 2023.
Além da injeção de capital, a parceria plurianual entre OpenAI e Microsoft envolve o fornecimento preferencial da nuvem Microsoft Azure e seus serviços para treinamento de modelos de fundação, algo que foi alterado em janeiro de 2025, uma vez que, até então, havia um acordo de exclusividade.
Em contrapartida, a Microsoft tem direito exclusivo ao uso das propriedades intelectuais da OpenAI em seus produtos e serviços, inclusive com revenue share. A OpenAI também tem o direito de comercializar suas propriedades independentemente da Microsoft.
OpenAI e AGI
Além do lado comercial, a parceria também envolve grandes desenvolvimentos ligados à inteligência artificial geral (AGI ou artificial general intelligence, no original em inglês), como:
- A concessão para a OpenAI criar capacidade adicional para pesquisa e desenvolvimento no treinamento de modelos que permitiu a entrada da empresa no Projeto Stargate, nos EUA;
- Um acordo de colaboração que envolve executivos seniores da OpenAI e da Microsoft para construírem em conjunto tecnologias de supercomputador para o desenvolvimento da IA.
Porém, a Microsoft não tem direito a indicar diretores ou conselheiros à OpenAI em suas duas vertentes, comercial e sem fins lucrativos.
CMA em mobile
Em outro campo investigativo, a autoridade britânica chamou desenvolvedores de aplicativos a participarem de um workshop sobre o ecossistema mobile de Apple e Google no Reino Unido. Marcado para o próximo dia 24 de março na sede do CMA em Londres, o intuito do regulador é entender as perspectivas e visão dos profissionais sobre:
- Atuais barreiras na criação de apps ou de funcionalidades de apps;
- Quaisquer medidas que sejam necessárias para corrigir o ecossistema mobile;
- Principais formas de inovação e desenvolvimento de apps no país.
O evento está aberto para qualquer desenvolvedor que tenha aplicativos em uma ou nas duas lojas de app no país. As inscrições aos interessados podem ser feitas por meio deste link, inclusive com opção para acompanhar online.
Vale lembrar, a investigação contra as duas big techs foi aberta em janeiro deste ano para analisar o domínio das duas empresas em marketplace de apps, sistemas operacionais e navegadores móveis.
É esperado para este mês de março a publicação de uma série de respostas de players envolvidos no ecossistema mobile do Reino Unido sobre os efeitos do domínio de Apple e Google.
Imagem principal: Ilustração produzida por Mobile Time com IA