Foi criado pelo Governo Federal nesta segunda-feira, 5, o Grupo de Trabalho dos Aplicativos, em Brasília, que discutirá uma proposta de regulamentação das atividades de prestação de serviços, transporte de bens, transporte de pessoas e outras atividades feitas por intermédio de plataformas. O GT é tripartite, formado por representantes do governo, empresas e trabalhadores.

Durante a cerimônia da instalação do GT, o ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho, disse que a intenção do GT é garantir os direitos dos trabalhadores “sem uma jornada de trabalho extenuante, com trabalho valorizado e transparente”. Ele disse que deve haver “serenidade das partes” para que haja um consenso, com objetivo de entregar ao Congresso Nacional uma proposta de lei equilibrada.

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Reunião marcou criação do GT (crédito: Allexandre dos Santos Silva/Ministério do Trabalho e do Emprego)

Durante 150 dias, representantes de aplicativos, trabalhadores do setor e membros de órgãos do governo se reunirão, com possibilidade de prorrogação por igual período, para, no fim, propor uma regulamentação para esse tipo de trabalho. O relatório final conterá uma proposta de regulamentação que abarque diferentes tipos de atividades, não somente o transporte de passageiros e bens.

Reunião

Também participaram da cerimônia representantes do poder judiciário, que falaram das condições dos trabalhadores. Lelio Bentes, presidente do Tribunal Superior do Trabalho (TST), lembrou que mais de 80% dos trabalhadores de apps de transporte não contribuem para a Previdência Social, por isso, não têm assistência no caso de doenças, acidentes de trabalho, além de não ter o tempo de serviço computado para a aposentadoria.

O ministro do TST ressaltou que o trabalho por aplicativos não se restringe ao setor de transportes. Profissionais ligados à educação, por exemplo, também estão desamparados pela falta de uma legislação específica, trabalhando sem proteção jurídica, na informalidade.

Ele disse que o perfil dos trabalhadores de plataforma corresponde a uma parte da população historicamente excluída de “condições de trabalho decentes”. Ele mencionou a pesquisa da Associação Brasileira do Setor de Bicicletas (Aliança Bike), que mostrou que, em 2019, a maioria dos entregadores ciclistas da cidade de São Paulo eram negros, jovens e cuja renda era de cerca de R$ 936 mensais.

A vice-procuradora-geral do Trabalho, Maria Aparecida Gugel, falou da importância do GT de ouvir a sociedade organizada por meio do diálogo, tal como recomenda a Organização Internacional do Trabalho, já que pensa as relações de trabalho e a dignidade dos trabalhadores. Com o formato tripartite, ela espera que as discussões resultem em diretrizes claras, garantindo direitos aos trabalhadores e promovendo um ambiente de trabalho “justo e transparente”.

Composição

Fazem parte do Grupo de Trabalho 45 membros ao todo. Entre eles estão representantes do Governo Federal, além do Ministério do Trabalho, Ministério da Fazenda, Advocacia-Geral da União, Casa Civil da Presidência da República, Ministério da Justiça e Segurança Pública, Ministério da Previdência Social, Ministério dos Transportes, Secretaria-Geral da Presidência da República e, ainda, associações e centrais sindicais considerando os trabalhadores do setor de aplicativos.

 

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