Daniel Hajj, CEO da América Móvil, durante o M360

|Mobile Time Latinoamérica| O fair share virou definitivamente uma bandeira das operadoras na América Latina. Em uma demonstração de alinhamento em torno do assunto, executivos de várias teles da região abordaram o tema durante o evento M360, na Cidade do México, nesta quarta-feira 5, incluindo América Móvil, Telefônica, AT&T, Telecom e grupo Liberty.

Não é para menos: de acordo com um estudo feito pela GSMA, apenas três grupos respondem por 80% do tráfego móvel na América Latina: Meta, Alphabet (Google) e TikTok. Somente os aplicativos da Meta somam cerca de metade do total. E boa parte se trata de tráfego não solicitado, ou seja, vídeos que abrem automaticamente ou envio de spam.

“O crescimento do tráfego de dados aumenta o custo para as teles, impondo desafios para garantir um serviço de qualidade, enquanto um reduzido número de grandes empresas geram a maior parte do tráfego, têm grande rentabilidade e não pagam pelo uso das redes. São condições desiguais. Os participantes do ecossistema digital devem contribuir de maneira equitativa. O fair share é essencial para uma conectividade crescente, eficiente e igualitária”, disse o CEO da América Móvil, Daniel Hajj.

A CEO da AT&T no México, Monica Aspe, concordou: “O modelo precisa mudar. A sociedade digital depende dessas redes. E o modelo de financiamento dessas redes que temos hoje não funciona para o futuro. Esse é um tema global.”

A necessidade de se modernizar a regulamentação foi lembrada pelo CEO da Telecom Argentina, Roberto Nobile: “Precisamos de uma regulamentação verdadeiramente digital. Assim como as teles viraram ´tech companies’, a regulação tem que passar de analógica para digital. Seguimos tendo uma regulação de telefonia fixa, embora ninguém mais fale em telefone fixo. Todos falam por Whatsapp”.

Por fim, o vice-presidente de assuntos governamentais de Liberty na América Latina, Sebastian Kaplan, foi mais dramático: “Estamos profundamente preocupados com a sustentabilidade (do negócio). Estamos diante de um ponto de inflexão”.