A adoção dos pagamentos instantâneos será mais rápida do que em muitos outros países que já lançaram serviços semelhantes. É o que acredita Marcelo Martins, líder de PIX na ABFintechs. Durante o encontro virtual “Os preparativos e as expectativas para a chegada do PIX”, promovido nesta quarta-feira, 5, por Mobile Time, o especialista traçou um paralelo com o UPI, modelo de pagamentos instantâneos adotado pela Índia que, no seu início, teve pouca adesão por parte das grandes instituições financeiras do país. Martins acredita que, no Brasil, será bem diferente uma vez as grandes instituições financeiras estarão obrigatoriamente no PIX logo em seu início, por exigência do Banco Central. Por isso, Martins aposta que em até 18 meses o PIX responderá por 10% a 15% dos pagamentos no Brasil.
“Teremos o desafio da experiência do usuário. Por exemplo, uso muito o QR Code do Mercado Pago, mas minha mãe e meu avô não sabem usar. O PIX precisa ser simples”, comentou.
Para Maxnaun Gutierrez, head de produtos e pessoa física do C6 Bank, o que vai fazer o mercado acelerar o uso do PIX será, sobretudo, o nível de implementação da solução por parte dos lojistas.
“Para aquele cliente bancarizado que faz uma TED, vai acontecer naturalmente. Ele vai aos poucos se adaptando. Mas o pagamento em loja é mais complexo”, comenta o executivo. Isso porque são muitas variáveis para se analisar. “Você tem que mudar o parque de máquinas (de POS), que no Brasil tem uma capilaridade muito grande. O lojista precisa entender a precificação das taxas cobradas, o diferencial que representa a adoção, os custos como um todo. Se o lojista incentivar (ou seja, adotar), a mudança vai acontecer”, explicou.
Gutierrez diz ainda que o objetivo do PIX é reduzir custos e a intermediação entre players, assim como o fluxo de dinheiro físico, de modo a baixar o custo sistêmico. Com tudo isso se encaixando, a barreira de entrada no sistema de pagamentos instantâneos será menor. “Mais fintechs e outros players vão oferecer os serviços e o consumidor e o lojista vão ganhar. Mas isso leva tempo”, resumiu.
Roberto Gallo, fundador e CEO da Kryptus, empresa de segurança, lembrou que o PIX será lançado às vésperas da Black Friday e antes do Natal. Ambas as datas podem acelerar a adoção do PIX.
Rodrigo Furiato, diretor de wallet do Mercado Pago, achou a previsão de Martins bastante otimista e concordou com Gutierrez de que a chave para o sucesso é o engajamento do varejista. “Vimos a pandemia acelerar a adoção dos meios alternativos de pagamento. Mas é uma mudança cultural. O dinheiro e o cartão são culturais e todos sabem usar. Não há problemas nesse tipo de transação (por parte dos usuários). Temos o QR Code há dois anos no Mercado Pago e a gente acredita que o PIX vai acelerar esse processo (de adoção do QR Code). Uma coisa é você ter que baixar um aplicativo para poder pagar com o QR Code. Outra coisa é você pagar via QR Code a partir do app que você já tem instalado do seu banco. É possível fazer a transação instantaneamente e o PIX vai acelerar a mudança cultural”.
Furiato também explicou que a redução dos custos deve contribuir para a aceleração da adoção do PIX. “Quero que a previsão do Marcelo (Martins) possa se concretizar”.