Quando se precisa de um remédio em casa de noite, as pessoas ligam para a farmácia mais próxima, cujo telefone está em um ímã pregado na geladeira ou encontrado em uma pesquisa no Google. Se a farmácia em questão não tiver o medicamento necessário, liga-se para outra. Dificilmente alguém faz pesquisa de preço nessa situação. Também não há acompanhamento ou garantia de rapidez na entrega. Pensando em melhorar essa experiência, dois empreendedores brasileiros criaram o Benie, um canal para compra de remédios via Facebook Messenger.
O Benie é um chatbot, mas os fundadores Evandro Campos e Marcello Braga preferem chamá-lo de ‘chatapp’. O que o Benie faz é uma busca pelo remédio requerido nas farmácias mais próximas e garante a entrega dentro de 45 minutos e com o melhor preço possível. O usuário precisa apenas mandar uma mensagem para o Benie com o nome do medicamento, o que inicia a pesquisa. O pagamento é feito via cartão de crédito em uma página segura, aberta em uma janela de webview sobre o Messenger.
“Nosso concorrente hoje é o telefone, não o site da farmácia. A experiência tem que ser melhor do que falar no telefone”, compara Campos, em entrevista para Mobile Time. E por que usar um bot em vez de desenvolver um aplicativo móvel? “Porque entendemos que a natureza desse contato é uma conversa, que no futuro pode chegar até a bula do remédio, quando adotarmos processamento de linguagem natural”, responde o empreendedor. O Benie está, neste momento, analisando possíveis motores de processamento de linguagem natural.
No futuro, a ideia é poder sugerir vendas de produtos recorrentes. Também está nos planos adotar interação por voz. Antes disso, ainda este ano, o Benie deve ganhar uma versão como PWA (app instantâneo).
Por enquanto, o Benie está operando em fase de teste-piloto desde junho no Rio de Janeiro com três farmácias na Zona Sul da cidade. A meta é chegar a 50 farmácias cariocas até o fim do ano, quando espera atingir um volume mensal de 1 mil transações. Ao longo de 2019 o plano é expandir para o interior do Rio e para o estado de São Paulo, chegando a mais de 1.200 farmácias ao fim do próximo ano e a 40 mil transações por mês, diz Braga, que também participou da entrevista para Mobile Time.
Modelo de negócios
O Benie firmou parceria com um Programa de Benefícios em Medicamentos que está conectado a 27 mil farmácias no Brasil inteiro. Com isso, consegue ter um desconto nos preços dos remédios e não precisa negociar a conexão individualmente com cada uma das drogarias. Quando um cliente procura um remédio, a plataforma dispara a solicitação para as farmácias próximas para ver qual aceita a venda primeiro. Na prática, funciona como um gerador de lides para as drogarias. Uma vez aceito o pedido, os passos seguintes são informados pela farmácia e acompanhados pela plataforma (preparo do pedido, faturamento e envio). A entrega é feita pela própria farmácia ou por entregadores contratados pelo Benie, quando necessário.
Para o processo de pagamento o Benie usa o sistema de outra startup, a carioca Zoop. O Benie fica com um pequeno percentual sobre cada venda. “A margem é pequena. É um negócio de escala”, reconhece Campos. Não há cobrança para o consumidor de nenhuma taxa extra pelo serviço em si do Benie.
Marketing e aporte
O Benie está sendo divulgado através das redes sociais, mas há planos de firmar parcerias com clínicas e hospitais. A empresa já recebeu R$ 2 milhões em aportes de seus fundadores e de investidores-anjo. Agora, começa a conversar com potenciais investidores para levantar entre R$ 4 e 6 milhões em uma nova rodada cujo objetivo será contribuir com a divulgação e expansão da empresa.