Até setembro deste ano, a adoção da plataforma eSIM ainda estava limitada a algumas poucas aplicações em Internet das Coisas e wearables. Tudo mudou depois do anúncio da chegada do iPhone XS e suas variantes (XS Plus e XR), que passaram a adotar a solução como uma forma de permitir um segundo chip configurável para qualquer operadora que o usuário quiser. Como tudo que envolve o smartphone da Apple, não é de se espantar que outras fabricantes concorrentes também queiram adotar a tecnologia. Os novos iPhones chegarão ao Brasil na próxima sexta-feira, 9, e para isso as teles já estão se preparando para a adaptação ao eSIM.

O diretor comercial para Mobile e IoT da Gemalto Brasil, André Mattos, explica que antes do anúncio do iPhone novo, o ritmo para a adoção do eSIM era outro. “Antes da Apple lançar o iPhone, eu perguntava para operadoras e para os times de marketing como viam a adoção da tecnologia, e eles diziam que estavam esperando, mas que iria demorar”, conta. “No dia seguinte ao press release da Apple, todas já me perguntaram para ter o iPhone para o natal, e isso acelerou as conversas que a gente já vinha tendo”, completou.

Mattos entende que essa será uma fase de transição no mundo dos smartphones da Apple, que estaria passando o recado: adaptem-se, porque o chip comum será peça de museu. A fabricante norte-americana não é estranha a esse tipo de movimentação, já que recentemente aboliu a entrada analógica para fone de ouvido de 3,5 mm, inclusive no novo iPad Pro. E a expectativa é que concorrentes como Samsung, LG, Motorola e Huawei passem a também adotar o eSIM em seus futuros lançamentos. “O mercado lá fora já está muito disseminado. Nos Estados Unidos, Europa, Ásia e Japão já têm várias soluções”, declara. No final de outubro, a Gemalto comemorou ter conseguido a marca de 100 aplicações de eSIM, incluindo parcerias com operadoras, MVNOs e fabricantes. “Isso já está acontecendo, e vai aumentar.”

Ainda assim, a previsão do executivo é que ainda leve pelo menos 5 a 6 anos até o mercado passar a adotar a solução como a definitiva. Mattos diz que é natural haver resistência por parte das operadoras, porque o eSIM tira a necessidade de o cliente ir fisicamente à loja para obter o chip. “Elas podem começar a perder o conceito da ativação”, diz. É nessa proximidade com o cliente onde as empresas podem oferecer novos planos ou até outros serviços em combos. Há ainda uma resistência da própria indústria de fornecedores da solução do SIM, que ainda considera importante para a segurança haver um elemento físico do chip, em vez de adotar uma solução completamente virtualizada.

No lado das operadoras, a compatibilidade com o eSIM acontece por meio de uma padronização definida pela associação global de operadoras móveis, a GSMA. Basta uma integração com plataformas de BSS, e a tecnologia passa a ser possível, explica André Mattos. “Eu forneço SIMcard para todas as operadoras, além de plataformas over-the-air. Então, historicamente já tenho conversa natural com as empresas, e com o advento da plataforma de eSIM, que eu também sou fornecedor, já falo com todo mundo: não só operadoras, mas também com desenvolvedores de aplicações IoT”, declara.

Novos iPhones nesta semana

No Brasil, a Claro já conta com o eSIM desde junho, quando trouxe a solução para o relógio conectado Apple Watch Série 3. Em posicionamento, a empresa afirma ser a única operadora brasileira atualmente habilitada pela Apple para oferecer conectividade via rede celular para o dispositivo, incluindo o serviço Claro Sync, que permite utilizar o mesmo número e plano do smartphone em outros dispositivos conectados. “Com relação aos novos modelos do iPhone, que serão lançados dia 9 de novembro, a Claro informa que está trabalhando para utilizar essa tecnologia [o eSIM] também em smartphones, proporcionando aos nossos clientes uma experiência diferenciada”, informou a tele. Vale lembrar que em março, a Embratel (também do grupo América Móvil) anunciou o eSIM para plataforma para o gerenciamento de automóveis, um contrato internacional da controladora mexicana e que também conta com a Gemalto como fornecedora.

Procurada, a TIM disse em posicionamento que vai garantir o funcionamento dos novos iPhones com o SIMcard tradicional da operadora, mas a intenção é trazer a nova tecnologia. “Ainda não temos nenhuma informação a respeito do funcionamento da tecnologia eSIM dos novos produtos e como será empregado o uso do Dual SIM nesses modelos. Em breve teremos compatibilidade não só com essa solução, mas também com o Apple Watch que já está sendo vendido no Brasil”, disse a empresa.

Também em comunicado, a Vivo disse que “é guiada pela constante inovação e alta qualidade dos seus serviços e já está trabalhando para oferecer a funcionalidade do eSIM para seus clientes”. Por sua vez, a Oi informou que “tem realizado estudos sobre a tecnologia eSIM para avaliar a melhor forma de disponibiliza-la a seus clientes”.

A Apple já liberou os preços do novo iPad Pro, que também terá o eSIM. A empresa ressalta em sua página que “nem todas as operadoras dão suporte ao eSIM e Apple SIM”, citando a variante de SIMcard “whitelabel” usada anteriormente. Porém, a companhia norte-americana exibe em sua lista de redes LTE compatíveis com o novo tablet nos modelos A1895 (tela de 12,9 polegadas) e A1934 (11 polegadas), compatíveis com a banda 28 – a faixa de 700 MHz na canalização APT – usada no Brasil. Nesses modelos específicos, estão listadas apenas as operadoras brasileiras TIM e Vivo, mas a probabilidade é que a tecnologia eSIM acabe funcionando com as quatro grandes teles eventualmente.

 

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