O telefone celular é o principal dispositivo usado para acesso à internet por usuários com mais de 16 anos das classes D e E no período da pandemia. O aparelho é o mais adotado tanto para trabalho remoto como para atividades de ensino à distância desta faixa social. É o que revela o levantamento da terceira edição do Painel TIC Covid 19, divulgado nesta quinta-feira, 5, pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br) do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br).
As estimativas obtidas neste levantamento representam cerca de 101 milhões de usuários de Internet, o que corresponde a 83% dos usuários com 16 anos ou mais. A pesquisa aponta que três quartos destas pessoas e que são das classes DE (74%) acessam a rede exclusivamente pelo telefone celular. Quando se trata das classes A e B, o percentual cai para 11%. O uso do dispositivo como o principal recurso para participação nas atividades escolares é maior entre as pessoas das classes D e E (54%), se comparado com o percentual daquelas das classes C (43%) e AB (22%).
Computador
O uso do computador como o principal recurso para acompanhamento do ensino remoto é maior nas classes AB (66%), sendo menos acessível aos estudantes das classes C (30%) e D e E (11%).
De acordo com Fabio Storino, analista de informações, do Cetic.br, nos últimos anos, pesquisas já apontam uma queda significativa do uso dos computadores no acesso à Internet. Enquanto isso, o acesso por celulares vem subindo. “Os computadores já chegaram a ser responsáveis por 80% dos acessos à rede em 2015, em todas as faixas sociais. Em 2020, esta participação caiu para menos de 40%”, afirmou Storino ao Mobile Time. Ele acredita que esta evolução se deve à chegada crescente de novos usuários da Internet – em sua maioria das classes C, D e E. Estes são exclusivos de smartphones. “As classes D e E saíram de 30% do total de usuários em 2017 para hoje se tornarem 50%”, diz. Segundo ele, além do preço mais acessível, os celulares têm um número maior de funções, o que os torna mais atrativos. Além disso, os aparelhos são de uso mais intuitivo e ainda suprem a necessidade do acesso em momentos de deslocamento.
No trabalho
Aproximadamente quatro em cada dez usuários de Internet realizaram ou ainda realizam trabalho online durante a pandemia. Isso corresponde a 23 milhões de pessoas. Destas, 84% das classes D e E fizeram uso de smartphones para atividades de trabalho; 70% têm ensino fundamental, e 56% com idades entre 16 e 24 anos.
A pesquisa apontou ainda que redes sociais e aplicativos de mensagens tiveram papel estratégico na busca por fontes alternativas de renda durante o período. Entre os que realizaram vendas de bens e serviços por aplicativos de mensagens ou por redes sociais, os percentuais mais altos foram de mulheres (37% e 34%, respectivamente); com ensino médio (34% e 32%); e das classes A,B e C (cerca de 30%).