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A compra da frequência nacional de 700 MHz pela Winity por R$ 1,4 bilhão (ágio de 806%), braço de telecomunicações da Pátria Investimentos, levantou muitas questões no mercado sobre o seu modelo de negócios e sustentabilidade no atacado. Mesmo com a promessa de levantar 30 mil torres até 2029 e se tornar um player relevante com oferta de espectro, o diretor de Telecom da Oliver Wyman, Vinicius Castelo, acredita que a nova operadora móvel nacional precisará de uma grande operadora como cliente.

“Quando você compra uma faixa relevante dessa dimensão (700 MHz nacional), é essencial ter um cliente-âncora. Eles (Winity) vão precisar firmar contrato com uma das grandes e vão se beneficiar com aluguel. Eles vão se beneficiar no atacado com outras empresas (operadoras) para aumentar a monetização”, explicou Castelo. “A Winity é uma empresa com interesse forte e bastante claro, em especial no modelo de atacado e aluguel de espectro, ainda que seu foco esteja no 4G (como aluguel de complemento de rede). Com mais de 800% de ágio, era óbvio que eles foram para o leilão com estratégia de ‘make or break’ (conseguir ou quebrar, na tradução livre do inglês). Mas mostra a intenção real de ser uma operadora nacional”, completa.

Ari Lopes, gerente sênior da Omdia, explicou que a frequência de 700 MHz terá demanda pelas outras operadoras. Mas lembra que, por não ser atacadista, a companhia não vai concorrer com as três grandes operadoras nacionais, algo que, inclusive, facilita em sua estratégia de conseguir ofertar aluguel desta faixa para Claro, Vivo ou Oi.

“O modelo de negócio dela será outro. Por exemplo, a Brisanet não vai poder oferecer celular apenas no 3,5 GHz: vai precisar de um roaming 4G. Então, o modelo de negócios será construir rede e complementar, mesmo em parceria com as grandes”, diz Lopes. “O 3,5 GHz do 5G dá grande capacidade, mas o cliente sai dessa área, por isso a importância do 700 MHz. A partir do leilão, essas novas operadoras no 2,3 GHz e 26 GHz são potenciais clientes da Winity”, complementa

O executivo da Omdia explica ainda que outros clientes em potencial da Winnity são as MVNAs, como Datora, Surf e Telecall. Uma vez que seu negócio será em infraestrutura, o analista não acredita em um modelo direto com MVNOs, pois precisam entrar na parte de negócios (billing e suporte de espectro, por exemplo).

Gustavo Nascimento, sócio-fundador e CEO da Phygitall, lembra que outra curiosidade da empresa do Grupo Pátria é a sua obrigação de criar cobertura 4G em mais de 31 mil km de rodovias no Brasil, algo que trará “grandes benefícios ao promover a Internet das Coisas” para o setor de logística, trazendo mais eficiência e segurança para essas operações.

 

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