A transição digital foi dolorosa para o setor de telecomunicações, reconheceu o presidente da Claro, José Felix, durante sua participação no 50º Painel Telebrasil, nesta terça-feira, 5, em Brasília.
“Foi traumático porque o setor de telecom não estava preparado. Estava muito acomodado com a tecnologia de cabos de cobre, que eram uma cash cow”, comentou o executivo. “Talvez a parte mais dolorida tenha sido a transformação da cabeça do profissional de telecom. Mas acho que superamos com mérito”, acrescentou.
Felix destacou que a transformação digital dentro das operadoras aumentou sua eficiência e contribuiu significativamente para a melhora da margem Ebitda. No caso do grupo de empresas da Claro no Brasil (Claro, Net e Embratel), a margem combinada girava em torno de 18% a 20% e agora é de 43,5%.
Ele lembrou também da importância de se ter uma margem Ebitda saudável para poder seguir investindo em infraestrutura. “Operadoras de telecom não vivem sem essa margem porque precisam realizar altos investimentos”, afirmou.
Sobre a crítica de que o setor de telecom teria perdido a onda da Internet porque serviu apenas como cano para o tráfego de dados, Félix respondeu: “discordo que a gente tenha perdido a onda da Internet. A gente viabilizou a onda da internet. Participamos ativamente dessa onda. O que a gente não fez foi criar novas aplicações. Mas não faltou visão. É difícil fazer tudo ao mesmo tempo. O core do nosso negócio, o que nos move, é a conectividade. E isso não é algo depreciativo, ao contrário, tem muito valor.”
Competição
Por fim, o presidente da Claro alertou que o fomento a uma competição excessiva em telecom pode ser prejudicial para o desenvolvimento do mercado.
“Dependendo do nível de concorrência você estraçalha o setor. A competição pode parecer boa em um primeiro momento, mas o setor precisa de renovação do parque tecnológico”, criticou.
Foto no alto: Samuel Possebon, editor da Teletime, e José Felix, presidente da Claro, no 50º Painel Telebrasil
*O jornalista viajou a Brasília a convite da Conexis
