A telessaúde avança no Brasil e com a pandemia de Covid-19 os estabelecimentos públicos e privados de saúde pisaram ainda mais fundo no acelerador da transformação digital. Por telessaúde entende-se uma série de serviços prestados remotamente por meio das tecnologias da informação e comunicação (TIC). Entre eles, a teleconsulta, que foi utilizada para atender pacientes por 33% dos médicos e 26% dos enfermeiros no Brasil. Os dados são da pesquisa TIC Saúde 2022 lançada nesta segunda-feira, 5, pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br). O Senado regulamentou a telessaúde no fim de novembro deste ano.
Na comparação entre 2019 e 2022, o serviço de teleconsultoria (contato entre profissionais da área para tirar dúvidas) aumentou de 26% para 34% no caso dos enfermeiros, e de 26% para 45% no dos médicos.
O estudo mostra ainda um incremento do monitoramento remoto de pacientes. Em 2019, por exemplo, era realizado por 16% dos enfermeiros e passou a ser utilizado por 29% deles em 2022. Em relação aos médicos, a prática foi de 9% para 23% no mesmo período.
Prescrição digital
A prescrição médica em formato eletrônico tem sido realizada por 68% desses profissionais, e 21% tanto via computador quanto manualmente. Apesar do avanço na prescrição eletrônica, a assinatura continua sendo feita de forma manual (71%). Quanto às prescrições de enfermagem – item incluído pela primeira vez na TIC Saúde – 51% dos enfermeiros já a realizam pelo computador, 27% tanto no computador quanto manualmente, e 68% dos que fazem a prescrição em formato eletrônico a assinam manualmente.
LGPD e proteção de dados
Apesar de a LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados) ter sido promulgada em agosto de 2018 com entrada em vigor dois anos depois, os estabelecimentos de saúde avançaram pouco no quesito proteção de dados. Aqueles com política de segurança da informação definida passou de 30% em 2021 para 39% em 2022.
O maior avanço aconteceu entre os estabelecimentos privados – 50% deles possuem uma política sobre o tema, enquanto nos públicos o percentual é 25%.
Com relação a treinamentos de equipe sobre segurança da informação, 60% dos profissionais que trabalham no setor privado realizaram algum tipo de treinamento – um indicador inédito da pesquisa que é realizada desde 2013. Já entre médicos e enfermeiros de estabelecimentos públicos, o índice cai para 15%. E os profissionais dos estabelecimentos com internação e mais de 50 leitos (33% de enfermeiros e 68% de médicos) foram os que mais tiveram acesso a curso ou treinamento no tema, principalmente se comparados aos profissionais das UBS (13% de enfermeiros e 7% de médicos).
A TIC Saúde 2022 mostrou que 41% dos estabelecimentos promoveram campanhas de conscientização interna sobre a LGPD, um aumento de nove pontos percentuais na comparação com 2021, quando foram registrados 32%.
Entre as medidas adotadas mais frequentes nos espaços públicos de saúde está a promoção de campanhas de conscientização interna sobre a LGPD (56% dos privados e 25% dos públicos), seguida pela nomeação do encarregado de dados pessoais (47% dos privados e 17% dos públicos) e a implementação de um plano de resposta a incidentes de segurança de dados (43% dos privados e 17% dos públicos).
A pesquisa
Nesta 9ª edição da TIC Saúde 2022, as entrevistas ocorreram entre abril e outubro de 2022 com 2.127 gestores de estabelecimentos de saúde localizados em todo o território nacional. A pesquisa também entrevistou 1.942 profissionais de saúde.