Capacitar mulheres desempregadas ou em transição de carreira para um admirável mundo novo: a tecnologia dos bots e da inteligência artificial. Esta é a meta da Smarkio, empresa do grupo D1, que, numa parceria inédita com a escola Let’s Bot, lançou o curso Capacita MDT. O objetivo é treinar, gratuitamente, mulheres de todas as idades, profissões e classes sociais para trabalhar nesta área da tecnologia.
O curso contará com quatro fases. Para a primeira, que está com inscrições abertas, e começa no dia 25 de janeiro, não há limite de vagas. Serão cinco dias de imersão em lives e vídeos sobre o tema. A partir da segunda fase haverá uma seleção em que apenas 200 candidatas seguirão até o final. Na fase final, as selecionadas serão chamadas para um recrutamento na Smarkio, que conta com cinco vagas abertas para as formandas: design de diálogos, programação de bots, QA de bots, e NLU.
De acordo com a Smarkio, diversos fatores levaram as duas empresas a se unirem nesta parceria. Os principais são: a alta demanda por qualificação profissional em uma área relativamente nova, e a necessidade de aumentar o quadro de mulheres na companhia. “Nos últimos anos tivemos que formar profissionais, pois não havia no mercado programadores de bots, por exemplo. A Let’s Bot tem a sabedoria da formação dedicada especificamente a este tema. Entendemos que um curso voltado às mulheres atenderia a esta questão, além de também abrir as portas a uma fatia da população que se desdobra em várias atividades para trazer renda para casa sem, muitas vezes, nem ter a chance de se formar”, aexplica Alex Rocha, provocateur na Smarkio, para Mobile Time.
O público feminino sabidamente não é a maioria entre os profissionais de TI – e esta é outra realidade que a empresa gostaria de mudar. Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios do IBGE, só 20% dos profissionais que atuam no mercado de TI são mulheres. Segundo o IBGE, as profissionais de TI do sexo feminino têm grau de instrução mais elevado do que os homens do setor no Brasil, mas, mesmo assim, ganham 34% menos do que eles. “Abrir mais espaço para as mulheres significa diversificar o time de colaboradores, algo necessário para a empresa. Se meu time que vai desenvolver robôs não tiver todos os skills, ele vai acabar atendendo apenas a um nicho. Isso é ruim. Como fazer um robô completamente fora da minha realidade? Preciso ter uma equipe diversa que possa abranger todos os tipos de trabalhos”, diz Fernando Wolff, founder e CEO da Smarkio.
Tecnologia não atrai muitas profissionais mulheres porque elas são levadas desde cedo a acreditarem que não seriam boas nisso. Além disso, muitas imaginam que não se sentiriam confortáveis trabalhando neste ambiente, portanto há uma preocupação com a rede de apoio das candidatas ao curso Capacita MDT. Stíphanie da Silva, back-end developer & product owner da Smarkio, que vai acompanhar as alunas, definiu: “Existe uma sensação de incapacidade, de não pertencimento, por isso precisamos criar um ambiente de acolhimento para as mulheres, para que elas possam desmistificar que a tecnologia é só para o cérebro masculino e supergênios”.