Os testes realizados pela Anatel nos últimos meses com equipamentos de diversos fabricantes e operadoras comprovaram que o sinal de 5G na faixa de 3,5 GHz causa interferência sobre o serviço de televisão via satélite transmitido em banda C. O impacto é pior nas antenas domésticas do que nas profissionais, informa Everton Souza, engenheiro de soluções da Viavi, uma das empresas que participou dos testes, com seus equipamentos de medição.
“Quando a interferência acontece, a imagem na TV começa a ‘blocar’, ou seja, aparecem uns buraquinhos”, descreve o engenheiro. No caso das antenas profissionais, o problema ocorre quando um feixe de 5G é apontado diretamente para elas.
Como o alcance da rede 5G em 3,5 GHz é considerado pequeno (aproximadamente 300 metros), a saída não poderia ser a diminuição da potência da rede móvel, o que afetaria demasiadamente a sua cobertura. A melhor solução, no seu entender, deveria ser a troca das antenas parabólicas por versões melhores, porém, mais caras, o que pode ser inviável economicamente, considerando que a TV por satélite é utilizada por famílias de baixa renda do interior do País.
De todo modo, Souza lembra que a rede 5G será implementada primeiramente em grandes centros urbanos, onde a TV por satélite em banda C é pouco utilizada. Ou seja, um número pequeno de residências seriam afetadas nos primeiros anos dessa tecnologia.
Boatos
Sobre os boatos que têm circulado na Internet de que o 5G causaria problemas de saúde, o engenheiro lembra que a população já convive com uma série de redes sem fio que usam frequências iguais ou até mais altas que o 5G. É o caso, por exemplo, das redes Wi-Fi em 5 GHz. E não há nada comprovado sobre problemas de saúde causados por elas.