As escolas brasileiras, sejam elas municipais, estaduais ou particulares, estão liberando cada vez menos a rede Wi-Fi para o uso de seus alunos. Entre 2020 e 2023, houve uma redução de 9 pontos percentuais, de 35% para 26%, de escolas brasileiras que permitiam o acesso de sua rede sem fio a seus alunos. Já aquelas instituições de ensino que fecham sua rede para uso restrito e os alunos não podem acessar passou de 48% para 58%. Já a Internet sem fio de uso livre é possível em 14% das escolas. Os dados são da nova edição da TIC Educação, pesquisa realizada pelo Nic.Br | Cetic.br e apresentada nesta terça-feira, 6.

Liberação do Wi-Fi de acordo com idade

Nas escolas que oferecem até o quinto ano do Ensino Fundamental (crianças entre 10-11 anos) há um movimento de crescimento na restrição de acesso ao celular, com o percentual passando de 32% para 43% entre uma edição e outra da TIC Educação.

A proibição diminui conforme os alunos vão crescendo, mas, por outro lado, em uma escala menor, o mesmo movimento de restrição acontece naquelas escolas que oferecem até o fim do Ensino Fundamental (crianças entre 14-15 anos), cujo aumento na proibição foi de 10% para 20%.

E nas escolas com estudantes mais velhos, do Ensino Médio ou educação profissionalizante, há uma maior permissão, saindo de 7% em 2020 para 8% em 2023.

“Ou seja, tivemos uma diminuição na liberação do acesso ao Wi-Fi nas escolas e aumento da não permissão ao acesso da rede sem fio. E nas escolas particulares também vemos este aumento. Esses dados são condizentes com o debate que está acontecendo neste momento na sociedade, que é de entender as regras diferentes para o uso dessas tecnologias, em especial o celular, de acordo com a faixa etária dos estudantes”, disse Daniela Costa, responsável pela pesquisa TIC Educação 2023, durante sua apresentação.

Infraestrutura precária

A pesquisadora lembra que existe ainda uma segunda questão, além da discussão sobre o uso de celulares nas escolas. Trata-se das dificuldades de conexão, sejam elas na região da instituição de ensino ou da própria escola.

Entre os motivos para não ter Internet, estão: falta de infraestrutura de acesso à Internet na região (63%); falta de infraestrutura de acesso à Internet na escola (66%) e alto custo de conexão à Internet (52%). Com exceção ao alto custo (48%), todos os índices registraram queda de 2023 para 2024 já que saíram de 74% e 71%, respectivamente. Mas eles ainda existem.

Disseminação do Wi-Fi

Apesar das restrições para os alunos, a TIC Educação observou um crescimento da disseminação da Internet nos espaços escolares. Inclusive escolas municipais já contam com salas de aula com acesso à Internet, via Wi-Fi, mesmo que nem sempre a rede sem fio esteja disponível para os estudantes.

Nas escolas municipais, 99% delas apresentam salas de aula, sendo que 82% desses espaços contam com acesso à Internet. Em 65% esse acesso está disponível aos estudantes.

81% das escolas contam com acesso à Internet em ao menos um local; 62% possuem acesso de conectividade com ao menos um computador para uso dos alunos, mas 57% contam com os dois, ou seja, acesso em ao menos um espaço escolar e ao menos um computador para acesso dos estudantes.

Em áreas rurais, 33% das escolas contam com ao menos um espaço e ao menos um para estudantes.

Números gerais

De acordo com a TIC Educação 2023, 92% das escolas de Ensino Fundamental e Médio possuem acesso à Internet, um aumento de 10 pontos percentuais na comparação com a edição da pesquisa em 2020. O atual estudo revela ainda que o acesso à rede cresceu em regiões e instituições que historicamente enfrentam mais desafios de conectividade. Nas escolas localizadas em áreas rurais, por exemplo, essa proporção passou de 52% para 81%. Vale dizer que entre as escolas municipais, o percentual foi de 71% para 89%.

Metodologia da TIC Educação 2023

 A TIC Educação 2024 coletou dados por telefone entre agosto de 2023 e abril de 2024. Ao todo, foram realizadas 3001 entrevistas com representantes de escolas, sendo 1.817 em regiões urbanas e outras 1.187 rurais.

 

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