Cuidar da saúde e da perda de peso precisa de um detalhe básico para dar certo: a adesão do paciente, seu comprometimento. Nem sempre a vontade de perder peso é proporcional ao empenho da pessoa. Para manter o cliente engajado e focado no seu objetivo, Waltão Abreu, dono da Clínica WA, em São Paulo, se apoia em tecnologias de monitoramento remoto para proporcionar um tratamento personalizado e um controle do que o paciente está fazendo ou como está se alimentando. As escapadinhas serão percebidas pela equipe de profissionais em tempo real por meio de uma série de tecnologias como NFC, óculos de realidade mista e smartwatch.

A ideia é excluir “mecanismos subjetivos como a fita métrica e o adipômetro” e a tecnologia ajuda na precisão e na personalização do tratamento. “Duas pessoas com mesma altura, idade, sexo podem ter metabolismos diferentes, massas musculares diferentes e esses materiais não levam isso em consideração”, explica o profissional.

Como funciona o sensor de glicose

Clínica WA: Waltão e dispositivo

Waltão e dispositivo. Foto: divulgação

Na prática, a clínica insere um medidor de glicemia no braço da pessoa – que nada mais é do que um chip. Ele tem a função de monitorar alguns marcadores no sangue, mas em especial a glicose.

O dispositivo é colocado no braço, como um carimbo, que cola na pele e fica visível. Ele conta com uma micro-agulha, que entra em contato com o sangue, e, nela, há uma enzima que ajuda na leitura do açúcar no sangue. É quase indolor, como a picada de um mosquito. “Funciona da mesma forma que o pernilongo consegue ter acesso ao sangue em uma região logo abaixo da pele”, explica Waltão.

O aparelho de monitoramento fica 14 dias colado na pele e, depois deste período, deve ser trocado.

O sensor de glicose possui tecnologia NFC e está conectado ao smartphone do paciente via Bluetooth, que está com o aplicativo do dispositivo (pode ser, por exemplo, FreeStyle Libre).

O aplicativo permite verificar a glicose do usuário por meio de um scan do sensor feito com o telefone celular. Para isso, o paciente aproxima o smartphone do sensor e atualiza o app para a transferência de dados e, em seguida, ter a análise dos biomarcadores

Os dispositivos são homologados pela Anvisa.

O app presente no smartphone do paciente, por sua vez, repassa os dados à clínica. Em um dashboard, os profissionais, como nutricionistas, avaliam as medições. Quando o paciente se alimenta de maneira fora do programado, um alarme soa para a identificação da pessoa no dashboard. Com isso, a clínica entra em contato com o paciente na hora.

A partir de uma análise prévia, a clínica sabe a quantidade de açúcar que deve conter no sangue. “Se aquele açúcar subiu e desceu é porque ele não cumpriu com o combinado. E, a depender da quantidade da subida ou da queda, a gente pressupõe o que está acontecendo. Por isso, entramos em contato e conversamos com a paciente”, explica.

“A ideia é entender qual gatilho que leva o paciente a sair do proposto. Se é uma falha de percurso, o que aconteceu para ter uma escorregada? É falta de orientação? Vamos orientar. É compulsão? Vamos tratar. Conseguimos entender o que precisa ser tratado e manter o foco no proposto”, complementa Waltão.

Clínica usa conectividade também com o smartwatch

Alguns relógios inteligentes – como o Apple Watch de três anos para cá, Garmin, Polar e FitBIt – também podem ser integrados ao sistema da clínica, o mesmo que fornece o monitoramento da glicose. Com isso, os profissionais conseguem acompanhar outros marcadores em tempo real, como gastos calóricos, sono e número de passos por dia, além de avaliar se o paciente está treinando conforme foi orientado.

“É o BBB da alimentação”, brinca Waltão. “Mas é uma ferramenta incrível para ajudar na mudança comportamental alimentar”, complementa.

O antes e o depois

Clínica WA

Visão dos óculos 3D. Foto: divulgação

O paciente que entra na Waltão Clínica inicia o tratamento fazendo exames para avaliar seu metabolismo. A máquina que faz esta avaliação calcula o valor exato do açúcar no sangue e programa as faixas de taxa de açúcar antes, durante e depois do exercício físico, assim como durante e depois da alimentação.

Em um púlpito, um scanner faz a avaliação em 3D da pessoa. O resultado vai para um aplicativo e a imagem é mandada para os óculos de realidade mista Apple Vision Pro, onde o paciente pode se ver em 360 graus. Este procedimento é feito antes, mas também depois de um tempo do tratamento para que ele veja a mudança no corpo.

“Tecnologia é utilizada no diagnóstico e no acompanhamento para fazer o que foi estudado e obter sucesso. E fazemos uma avaliação antes e depois em 3D para a pessoa se ver em tamanho real. As pessoas ficam impactadas com as duas imagens, mas, no fim, choram de felicidade”, diz Waltão. “E existe uma outra máquina que avalia cientificamente o quanto a pessoa tem de massa muscular e gordura em cada região do corpo antes e depois. É a jornada completa usando tecnologia. “Com isso, tenho tudo para ajudar o paciente na sua adesão ao tratamento”, resume.

Os resultados

De acordo com o preparador físico, nove entre dez pacientes têm perda de peso mais rápida do que aquelas usando somente a medicação.

“A medicação mais utilizada no Brasil para redução de peso consegue reduzir em torno de 10% ao longo de um ano de uso. O Mounjaro, última versão, promete redução de 15% do peso em um ano. As mesmas medicações somadas ao tratamento atingem a mesma redução em três meses”, conta.

Mas, vale lembrar, a clínica também inclui no tratamento atividade física, alimentação customizada, além do acompanhamento diário. “Como mudamos o estilo de vida da pessoa, mudamos seu mindset, ensinamos ela a se alimentar e entender os momentos de dificuldade. O paciente vira a chave e entende o modus operandi e não tem reganho de peso quando retira essas medicações”, diz.