A Mastercard registrou mais de 815 mil transações com carteiras digitais no Brasil entre janeiro e novembro deste ano, um salto de 800% quando comparado com as 90 mil transações no mesmo período de 2017. Olhando para o desenvolvimento deste mercado, o presidente da bandeira no Brasil e Cone Sul, João Pedro Paro Neto, prevê os próximos anos de sua empresa e do setor como um todo.
“Vemos no futuro cada vez mais transações sem dinheiro (físico). Para isso vamos investir mais em dados e inteligência artificial. Hoje já usamos bem os dados, mas queremos conhecer e utilizá-los mais, de forma que eu consiga entregar o cartão certo, na hora certa para o cliente certo”, disse o executivo durante encontro com jornalistas nesta quinta-feira, 6. “Outro aspecto importante é a segurança. Um mercado que, finalizará 2018 com R$ 1,6 trilhão em transações (dados da Abecs) e chegará a R$ 2 trilhões em 2019 (com expansão de 16% a 17%), é um segmento que precisa ser seguro e ter menos fricções.”
Pelo lado da regulação, o executivo defendeu ainda que o mercado deve manter-se “aberto e transparente”, de forma que atraia novas fintechs e empresas para o ramo. Em sua visão, a competição da Mastercard é com o dinheiro em espécie e não com outros modelos negócios. Paro Neto ainda defenderá um trabalho conjunto com o regulador para caminhar rumo à interoperabilidade, o que facilitaria a entrada de operações de pessoa a pessoa (P2P) no País. No entanto, ele ressaltou que há muito a ser feito e investimento em inteligência artificial e análise de dados, uma vez que precisará garantir segurança nas transações o tempo todo, e não apenas em horários e ambientes comerciais.
O momento para a Mastercard apoiar essas iniciativas no País não poderia ser mais positivo. De acordo com o Banco Central, a empresa fechou 2017 como líder do mercado com 46% do market share de transações, sendo 50,2% de participação no crédito e 42,7% no débito. Além disso, a companhia é parceria das cinco maiores fintechs do Brasil, incluindo Nubank e o novato C6Bank. Segundo a Associação Brasileiras das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs), 34% das transações domésticas são feitas por meios eletrônicos.
“A indústria como um todo passou um ano muito bom. Aumentamos a participação em PCI (regulação de segurança), reduzimos a quantidade de dinheiro em circulação, entramos em novos negócios, entramos mais forte em cartões não presentes, cartões com NFC e evoluímos em segurança com mais uso de machine learning e autenticação nas transações”, explicou o presidente. “Também vimos a entrada e o crescimento de novas fintechs e de facilitadores de pagamentos (payment facilitors, em inglês)”.
Próximos passos
Sobre os focos específicos nos quais a bandeira concentrará seus esforços em 2019, Miltonleise Filho, vice-presidente sênior da Mastercard Brasil, frisou: segurança, experiência do usuário e pagamento contactless. Novamente, os números da companhia comprovam essa aposta, uma vez que 3 mil cidades já estão aptas ao pagamento por aproximação e 310 mil transações foram realizadas com o meio de pagamento.
“Qualquer mudança no setor gera tração. O Samsung Pay ajudou a treinar toda a cadeia: emissores, clientes e comércio. Isso ajudou depois, com o Apple Pay, pois todos já sabiam como seria a experiência”, explicou Filho. “Pulseira, cartão com NFC e dispositivos são processos gradativos quando falamos em meios de pagamentos”.
O executivo lembrou de outros produtos que, embora incipientes, ajudam a melhorar o setor. Ele deu como exemplo o lançamento de uma pulseira de pagamento da Osklen com o banco Santander, e, em especial, os cartões pré-pago do RecargaPay e Cartão + Cidadão do BRBCARD que ajudam a democratizar o uso e a bancarizar uma parcela da sociedade que não tem acesso aos serviços financeiros, algo estimado em 65% da população brasileira.
Em relação a investimentos, o vice-presidente da companhia disse que estão abertos a apoiar empresas, desde que estejam relacionadas com o setor de pagamentos. Deu como exemplo startups apoiadas pelo programa de aceleração da Mastercard, o StartPath, como a MarketUp e a RecargaPay.
Durante conversa com esta publicação, Filho também foi questionado sobre o desenvolvimento da agenda positiva da Abecs, que visa o desenvolvimento de novas soluções e opções de pagamento (como P2P e parcelamento em débito sem juros) junto ao regulador. Sobre este movimento, o executivo explicou que estão avançando com a agenda.