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Laboratório de robótica dentro do prédio da Faculdade de Engenharia Elétrica da Unicamp (Foto: Pedro Amatuzzi/Inova Unicamp)
A Ericsson apresentou junto à Fapesp e Unicamp na última segunda-feira, 6, o Centro de Pesquisa em Engenharia Smart Networks and Services 2030 (Smartness), que pretende estudar o avanço do 5G e sua transição para o 6G. O espaço trabalhará com pesquisas para criar redes baseadas em inteligência artificial e aplicações digitais avançadas na próxima fronteira da tecnologia.
“Queremos construir a plataforma de redes para o futuro. Para ajudar a desenvolver novos serviços e aplicações, como a realidade estendida, que será vital para o metaverso”, disse Mateus Santos, head de pesquisa da Ericsson no Brasil. “Smartness também trará trabalhos em tecnologias cognitivas, como rede celular com inteligência artificial e mínima intervenção humana”, completou.
Segundo Christian Rothenberg, professor da faculdade de engenharia elétrica da Unicamp, o Smartness trabalhará na evolução de tecnologias que estão disponíveis hoje no mercado, como:
Hoje | 2025 | 2030 |
Internet das Coisas, Cloud, Edge, automação, inteligência artificial, machine learning, robótica e confiabilidade das redes | Internet dos Sentidos; Sistemas cyber-physicals; redes e edge com confiabilidade | Internet dos Pensamentos; rede universal com computação, edge e IA; novos paradigmas na computação; metamateriais
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Grupos de trabalho
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Christian Rotheberg, professor da Unicamp (Foto: Pedro Amatuzzi/Inova Unicamp)
Esses conceitos permitirão no futuro o desenvolvimento de aplicações como realidade estendida, interação multimodal entre homem e máquina, hologramas, robótica com IA, vehicle-to-everything (V2X) e sistemas de transporte inteligentes (ITS, na sigla em inglês). Para chegar neste patamar das redes e aplicações, o Smartness trabalhará em três linhas de inovação científica:
– Edge computing customizada que incluirá estudos em nuvem para operadoras, edge nativo, envio de dados descentralizados, virtualização das redes e serviço de rede mesh;
– Arquiteturas cognitivas com uso de IA e machine learning nas redes, distribuição de máquina inteligente e repositório de big data;
– Controle e planos de dados (redes fluidas) para garantir que a arquitetura cognitiva esteja apta às novas aplicações, além de network slicing 2.0, redes baseadas em intenções, automação, processamento computacional na rede e sensibilidade à entrega (tempo).
A base dos estudos serão a sustentabilidade e a confiabilidade das redes móveis, algo que envolve temas como segurança, privacidade, proteção e ética em inteligência artificial.
Como funcionará
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Em vídeo, Marcondes Cesar Junior, professor (Foto: Pedro Amatuzzi/Inova Unicamp)
No formato push and pull, a ideia é que os grupos gestores do Smartness (executivos da Ericsson e do mercado) indiquem as demandas de pesquisa e os pesquisadores do hub farão estudos com o objetivo de descobrir, gerar ideias e tendências que ajudem a padronizar as tecnologias e até gerar propriedades intelectuais. A ideia é que as IPs poderão ser produzidas em até cinco anos, a depender da evolução de cada grupo de trabalho.
“Essa é uma oportunidade para pessoas da Unicamp e de companhias como a Ericsson trabalharem juntas em projetos”, disse Marcondes Cesar Junior, professor do IME-USP, que será parceiro no projeto. “Estamos falando de estudantes trabalhando lado a lado com pesquisadores da academia, além de executivos e técnicos da Ericsson”, complementou em conversa por vídeo.
Embora o Centro tenha sido criado agora, Valéria Marquezini, master research na Ericsson, lembrou que a companhia trabalha com universidades brasileiras desde 2000. Essa parceria rendeu 150 patentes (inclusive em 5G), 1 mil publicações, 300 teses e 300 milhões de coroas suecas de investimento.
Atualmente, 60 pesquisadores da academia brasileira atuam em parceria com a Ericsson.
Espaço
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Valéria Marquezini, master research na Ericsson (Foto: Pedro Amatuzzi/Inova Unicamp)
Com sede em Campinas, o projeto tem investimento total de R$ 56 milhões até 2033, sendo R$ 28 milhões em dinheiro com Fapesp e Ericsson (metade cada) e R$ 28 milhões com Unicamp, que oferecerá os pesquisadores e o local. Ainda há expectativa de que a universidade receba um prédio novo em até quatro anos para abrigar hub e pesquisadores.
Enquanto o empreendimento acadêmico não está pronto, os trabalhos serão feitos no prédio do curso de Engenharia Elétrica em um espaço dedicado. A unidade de pesquisa da Ericsson em Indaiatuba/SP também terá participação próxima dos docentes e discentes.
Além de estudantes e pesquisadores da Unicamp, o Smartness terá parceria com pesquisadores principais de USP e UFSCar, além de pesquisadores associados de outras 14 universidades: UFABC; UFAM; UFES; UFG; UFPA; UFRN; UFCG; UECE; UFU; Unisinos; Unipampa; UFRGS; UFBA; UFMG.